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Julho, é hora do check-up financeiro
01/07/2009

01 de Julho de 2009 - 03h00
Mariana Segala e Yolanda Fordelone

Depois de um primeiro semestre de cautela, motivada pelas incertezas quanto à reação da economia mundial diante da crise financeira, é chegada a hora de reavaliar a carteira de investimentos. Não que o cenário já possa ser considerado claro. “Se por um lado o pior dos mundos não aconteceu neste ano, ainda temos milhões de dúvidas para esclarecer”, afirma o sócio da Método Investimentos, Alexandre Ghirghi. Mas a volta à situação de outubro de 2008 é considerada remota.

De acordo com os especialistas, a hora é de aumentar a exposição a aplicações mais arriscadas, já que os investimentos que pagam juros tendem a remunerar cada vez menos por conta da queda da Selic, taxa básica brasileira. “Recomendamos uma posição mais agressiva, principalmente na Bolsa, mercado com mais potencial de alta no longo prazo”, afirma o sócio da Quadrante Investimentos, Saulo Holzmann.

O essencial é diversificar, respeitando o perfil de investimento. “Não dá para fazer loucuras porque os juros estão caindo”, pondera o superintendente de investimentos do banco Real, Eduardo Jurcevic. Para quem já conseguiu aproveitar a alta das ações, cuidado. “A hora é de rever o risco, pois o investidor pode estar se expondo em Bolsa mais do que gostaria”, afirma o sócio da consultoria FinPlan, Rogério Bastos.

Confira as perspectivas para as principais aplicações financeiras:

Bolsa ainda no páreo

A alta de mais de 35% do Ibovespa no primeiro semestre não esfriou a expectativa positiva dos especialistas para a renda variável nos próximos seis meses. “O fato de [a Bolsa] ter subido bastante não elimina a possibilidade de novas altas até o fim deste ano”, afirma o sócio da consultoria AZ Investimentos Ricardo Zeno, ao analisar que o Ibovespa pode fechar 2009 aos 60 mil pontos. Alguns fatores explicam as projeções otimistas. Além de o mercado aguardar a terceira nota de bom pagador (“investment grade”), dado pela agência de rating Moody’s, a retomada de ofertas públicas (IPOs) também pode trazer mais dinheiro para a Bolsa. “As empresas aguardavam um momento oportuno para captar recursos em ofertas de ações. Elas estavam lançando debêntures”, diz o diretor-executivo da BI Invest, Reinaldo Zakalski. A recomendação é comprar ações em parcelas, já que, com a alta da Bolsa, alguns papéis não estão mais tão atrativos como há alguns meses.

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Small Caps, a promessa da vez

No primeiro semestre, boa parte da alta da Bolsa foi puxada pelo ingresso de investidores estrangeiros em ações de primeira linha, as blue chips. “Com a continuidade da melhora do mercado, são as empresas menores, mas com potencial de alta (middle e small caps), que tendem a se beneficiar”, avalia Zeno. O especialista lembra que, ao tomar a decisão de aplicar nessas empresas, o investidor assumirá mais risco, mas aconselha que, pelo menos, parte da carteira seja de papéis com maior potencial de alta. A análise de small caps é muito individualizada, pois recai muito mais sobre o desempenho da empresa do que sobre o setor de atuação. “Neste momento, vale a pena observar companhias cujo faturamento advém principalmente do mercado interno”, sugere Zakalski. Segundo ele, é possível garimpar oportunidades nos setores de educação e saúde, além empresas que atuam na cadeia produtiva de siderurgia e construção civil.

Fundos X poupança: batalha por retorno

Fundos conservadores travam uma batalha para vencer o retorno garantido da poupança. “A caderneta está muito competitiva, não tem o que falar”, Jurcevic. Nas carteiras de renda fixa, curto prazo e referenciados DI, além da incidência de Imposto de Renda, importa a taxa de administração. Segundo o site financeiro Fortuna (www.fortuna.com.br), 60% dos investidores pessoa física deste tipo de fundos têm custos de 2% ao ano ou mais, comprometendo o ganho. “Se o retorno da poupança for maior, o investidor deveria migrar”, diz Ghirghi, da Método. Neste semestre, a poupança pode ser interessante para quem não tiver acesso a fundos com taxas baixas, mas é preciso atentar a detalhes da remuneração da caderneta. “A rentabilidade da poupança só é obtida no aniversário (a cada 30 dias) do depósito. Quem resgata em 35 ou 40 dias não tem retorno integral”, pondera Jurcevic. Nos fundos, a rentabilidade é diária.

Uma escolha difícil: multimercados

A recomendação de assumir mais risco vale inclusive para os investidores que atualmente aplicam por meio de fundos. “Com os juros reais a aproximadamente 5% ao ano, é natural que haja uma procura maior por aplicações mais arriscadas, como em multimercados”, diz Zakalski. O grande número de categorias de fundos multimercados – 10 segundo a classificação da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) – pode confundir os mais leigos. “Há uma multiplicidade de possibilidades do gestor. É importante conhecer claramente qual é a estratégia seguida”, recomenda o diretor da BI Invest. Nessa avaliação, além de procurar fundos que não permitam muita concentração em um só mercado, como o de ações, o investidor deve estar atento ao nível de alavancagem. Especialistas recomendam que a aplicação escolhida permita, no máximo, a perda do valor do próprio patrimônio do fundo. “O prospecto e o estatuto social do fundo devem ser lidos”, sugere Zeno.

Fonte: AE

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