News - Briefing de Mercado

Concordata da GM e alta de indicadores puxam bolsas mundiais
01/06/2009

01 de Junho de 2009 - 13h33
Bruno Azevedo

São Paulo, 1 de junho de 2009 - O pedido de concordata da General Motors e uma série de indicadores econômicos demonstrando melhora do cenário internacional animam os investidores neste primeiro pregão de junho, com bolsas de todo o mundo em altas expressivas. No Brasil, o Ibovespa, principal índice de ações da BM&FBOVESPA, sobe 3,02%, aos 54.802 pontos. O giro financeiro nesta primeira etapa dos negócios somava R$ 2,976 bilhões.

Logo pela manhã, a GM anunciou oficialmente o aguardado pedido de concordata. A decisão foi induzida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. É a maior concordata na história da atividade industrial norte-americana. A GM pretende se desfazer de 11 negócios nos Estados Unidos e três fábricas. Além disso, a ideia é eliminar 21 mil postos de trabalho dos 54 mil trabalhadores. A montadora norte-americana deve receber uma ajuda do governo de US$ 30 bilhões para se reestruturar. A GM pretende criar rapidamente uma nova companhia menor em aproximadamente 60 a 90 dias.

O governo dos Estados Unidos ficará com 60% de participação da nova companhia, que pode competir com a Toyota, após conseguir que sua dívida seja reduzida e os custos trabalhistas com o sindicato United Auto Workers Union (UAW, na sigla em inglês) forem renegociados. O sindicato ficará com 17,5% de participação da nova GM. Os governos do Canadá e da província de Ontário decidiram oferecer outros US$ 9,5 bilhões à GM. Com isso, o governo canadense ficará com 12% de participação da nova GM e os acionistas terão 10%.

"As bolsas européias já vinham operando num bom patamar mesmo antes do anúncio da concordata da GM, que consolida a alta. Solucionar questões das montadoras de automóveis tira um problema do horizonte. O fato de a maioria dos credores ter aceito o plano de concordata favorece uma nova GM, que sairá fortalecida deste processo. Além disso, há indicadores econômicos positivos hoje, como o índice PMI dos gerentes de compra chineses, que veio acima dos 50 pontos", diz o economista Felipe França, do Banco ABC Brasil.

De acordo com a agência Federal Chinesa de Logística e Compra (CFLP, na sigla em inglês), os dois índices de gerentes de compra (PMI) ficaram em 53,1 pontos, em leve queda em relação a abril, quando estavam em 53,5 pontos.

"O anúncio da concordata da GM conforta o mercado, que já esperava por essa decisão. Agora, a empresa contará com proteção judicial e o governo poderá intervir. Mais do que a concordata, há uma visão positiva sobre as perspectivas econômicas mundiais, com bons indicadores. Isso anima o apetite dos investidores, respondendo pela alta das bolsas e das commodities. Há uma convergência de fatores positivos", afirma Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos. Ele projeta um volume negociado hoje de R$ 7 bilhões.

Ainda no setor automobilístico, outra notícia que anima os mercados é a autorização do Tribunal de Falências de Manhattan para que a montadora americanaChrysler venda seus ativos para a italiana Fiat. Com a aprovação, a companhia poderá sair da falência ainda nesta semana, cerca de um mês depois do pedido de proteção, tempo relativamente curto para sua reorganização.

Entre os indicadores divulgados hoje, o índice ISM dos Estados Unidos, medido pelo Instituto de Gerência e Oferta, ficou em 42,8 em maio, acima dos 40,1 apurados em abril. Na previsão de analistas, o índice avançaria para 42,3 em maio. O dado revela que a atividade industrial americana apresentou uma melhora em maio, mas continua em retração pelo 16 mês consecutivo.

Os salários do Japão diminuíram 2,5% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 272.453 ienes (o equivalente a US$ 2.863). Esse resultado indica a quarta baixa do ano nos ganhos salariais do país, que inclui o pagamento de horas-extras, salários mensais e pagamentos especiais. Em março os ganhos salariais já haviam retraído 3,9%.

Na Eurozona, a atividade no setor industrial dos 15 países que compõem a zona do euro avançou em maio pelo sétimo mês seguido, registrando um número maior do que o esperado. As exportações continuaram em declínio em maio. Entretanto, a taxa recuou para o mais baixo nível desde que a crise financeira mundial começou em setembro do ano passado. Segundo o instituto de pesquisas NTCEconomics, o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial subiu de 36,8 em abril para 40,7 em maio. Embora tenha indicado uma melhora em relação aos meses anteriores, o PMI abaixo de 50 ainda indica contração da atividade.

Na Alemanha, a maior economia européia, o PMI industrial avançou para 39,6 em maio, o nível mais alto desde outubro do ano passado. É o sétimo mês que o indicador apresenta crescimento. As quedas nas exportações, nos novos pedidos e do desemprego, reflexo da crise econômica mundial, ainda afetam a atividade industrial, embora apresentem sinais de melhora em relação ao mês anterior.

A alta do PMI industrial também foi verificada no Reino Unido, onde o indicador ficou em 43,1 pontos em maio. Segundo o instituto de pesquisas Markit Economics, a alta indica certa reação da economia, com o crescimento de produção e novos negócios do setor de bens de consumo.

O mercado financeiro piorou as estimativas para a economia brasileira em 2009. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, as cem instituições financeiras ouvidas nesta semana consideram que o PIB do País irá recuar 0,73% em 2009, ante previsão anterior de contração de 0,53%. Para 2010, a previsão é a mesma há 13 semanas, avanço de 3,5%.

Já a produção industrial brasileira caiu 14,8% em abril em relação ao mesmo mês de 2008. A queda acumulada no ano é de 14,7% em relação a igual período do ano anterior. De março para abril, porém, a produção registrou alta de 1,1%, enquanto no acumulado em 12 meses houve queda de 3,9%, a marca mais baixa desde junho de 1996 (-4%). De acordo com o IBGE, a queda na produção de abril de 2009 ante o mesmo mês de 2008 demonstra retração em 24 atividades das 27 pesquisadas.Os principais impactos partiram de veículos automotores (-24,8%) e máquinas e equipamentos (-32,3%). Também apresentaram pressão negativa importante a metalurgia básica (-27,9%).

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o Airbus A 330 da Air France - que realizava o vôo AF-447 entre o Rio de Janeiro e Paris e desapareceu ainda noespaço aéreo brasileiro realizou o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III) a 565 quilômetros de Natal (RN), às 22h33 (horário de Brasília). Na ocasião, foi informado que a aeronave ingressaria no espaço aéreo de Dakar (Senegal), a 1.228 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte, às 23h20. Além disso, às 22h48 as informações indicavam que a aeronave voava sem problemas a 35 mil pés (11 quilômetros de altitude) a uma velocidade de 840 quilômetros por hora. A bordo estavam 228 pessoas, sendo 216 passageiros e 12 tripulantes.

No ambiente corporativo internacional, a administradora de fundos Vanguard Group fez uma oferta de US$ 5 bilhões pela iShares, a unidade de fundos de índices do banco britânico Barclay's. A informação foi publicada hoje no jornal"Telegraph", sem citar fontes. Em abril, o Barclay's havia acertado a venda da unidade para o CVC Capital Partners por US$ 4,4 bilhões. No entanto, nos termos do acordo, o Barclay's se reservou o direito de encontrar outro comprador, diz o jornal britânico. O CVC teria o direito de igualar a oferta e receberia uma compensação no caso de o Barclay's decidir não vender a operação ao grupo. As empresas não comentaram a informação.

No Brasil, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) deu mais um passo no processode aquisição da Aracruz Celulose, iniciado em janeiro deste ano. A companhia publicou o edital de Oferta Pública para Aquisição (OPA) de ações ordinárias de emissão da Aracruz. O leilão, destinado aos acionistas minoritários, será realizado no dia 01 de julho. O objetivo é adquirir 15.570.357 ações ordinárias da Aracruz em circulação no mercado por R$ 17,0031 cada. O valor corresponde a 80% do preço pago aos integrantes das famílias Lorentzen, Moreira Salles, Almeida Fraga e Safra.

Os papéis da VCP (VCPA4) sobem 4,2%, a R$ 24,29, e os da Aracruz (ARCZ6) avançam 1,74%, a R$ 3,50.

A VCP anunciou ainda que a aprovação da conversão de 244.347.953 ações preferenciais, nominativas e sem valor nominal em ações ordinárias, na proporçãode uma ação preferencial para cada 0,91 de ação ordinária. Os acionistas que receberem as ações ordinárias por conta da conversão participarão de forma integral do todos os benefícios como dividendos, eventuais remunerações de capital e participarão dos mesmos direitos das ações ordinárias.

A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) aprovou a revisão tarifária quinquenal da Comgás. O reajuste médio será negativo em 9,8%. No segmento residencial, a redução média será de 10%. Para a classe industrial, os pequenos usuários, com consumo de 10 metros cúbicos por mês (m3/mês), terão as tarifas diminuídas em 28,59%. Grandes usuários, com demanda entre 500 mil m3/mês e 10 milhões de m3/mês, verão uma redução entre 17,9% e 18,3% para a tarifa. Para o gás natural veicular (GNV), a tarifa cobradapela Comgás cairá 16,6%, com expectativa da Arsesp que o repasse nos postos de combustível fique em torno de 9%. As alterações valem desde ontem. Na BM&FBOVESPA, as ações da Comgás (CGAS5) tem alta de 0,14%, a R$ 35,40.

Ainda no setor de energia, a Rede Energia pretende emitir R$ 320 milhões em notas promissórias para recomprar bônus perpétuos emitidos no exterior em 2007. Poderão ser recomprados até R$ 300 milhões de bônus, dependendo das condições das captações que será feitas no Brasil e em outros países. Os papéis da Rede Energia (REDE4 e REDE3) não foram negociados hoje no balcão organizado da bolsa brasileira.

O Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, voltou a dizer hoje que a discussão sobre a renovação de concessão de hidrelétricas que vencem em 2015 poderá ter uma definição ainda em 2009, mas ressaltou que não há razões para acelerar o processo. "Não há tanta pressa", disse Lobão ressaltando que em 2015 a presidência não será mais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro disse ainda que a questão deverá estar na pauta de agosto da reunião do Conselho Nacional de Política Energética.

A ação preferencial classe A da Vale (VALE5) era o papel mais negociado agora há pouco, com giro de R$ 486,326 milhões (alta de 4,21%, a R$ 33,85). Em seguida, vem Petrobras PN (PETR4), que movimenta R$ 405,313 milhões (positiva em2,55%, a R$ 35,33), e BM&FBOVESPA (BVMF3), com R$ 123,322 milhões (alta de 4,13%, a R$ 11,85).

Mercados internacionais

No mercado norte-americano, as bolsas operam em alta. Há pouco, o índice DowJones subia 2,59%, a 8.720,96 pontos, o S&P 500 avançava 2,76%, aos 944,48 pontos, e o Nasdaq Composto operava positivo em 3,05% a 1.828,60 pontos.

Na Europa, o FTSE, da bolsa de Londres, subiu 1,99%, a 4.506,19 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX 30 fechou em alta de 4,08%, aos 5.142,56 pontos, enquanto o CAC 40, da Bolsa de Paris, tinha valorização de 3,1%, aos 3.379,49 pontos. O Ibex-35, da Bolsa de Madri, teve valorização de 2,19%, a 9.630,9 pontos. A Bolsa de Zurique não operou hoje devido a feriado local.

Petróleo

Há pouco, o mercado de petróleo operava em alta. Em Nova York, o WTI com vencimento em julho subia 2,38%, cotado a US$ 67,89. Em Londres, o contrato do tipo Brent, com vencimento no mesmo mês, tinha alta de 2,74%, a US$ 67,32.

Câmbio

Há pouco, o dólar comercial operava em queda de 1,31% em relação ao fechamento de sexta-feira, a R$ 1,9440. Já o dólar futuro, com vencimento em junho, caía 1,53%, a R$ 1.955,50.

A previsão para o câmbio voltou a cair pela terceira semana consecutiva, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central. Agora, o mercado acredita que a cotação da moeda norte-americana encerre 2009 em R$ 2,04. Na semana passada, a previsão era de R$ 2,10. Para 2010, a previsão para passou de R$ 2,18 para R$ 2,13.

Juros

No mercado de juros futuros da BM&FBOVESPA, os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2010 operavam em queda, passando de 9,19% para 9,16%. Os contratos para julho de 2009 estavam em queda, de 9,73% para 9,65%.

A inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), desacelerou para 0,39% em maio. O valor está 0,07 ponto percentual abaixo da medição anterior, quando o índice ficou em 0,46%.

De acordo com o boletim Focus, a inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2009 deve ficar em 4,33% neste ano, a mesma projeção feita na semana passada. Para 2010, o IPCA deverá ficar em 4,3%. Nos juros, as projeções também foram mantidas: em 9% para 2009 e 9,25% em 2010. Para junho, manutenção em 9,5% há cinco semanas.

Fonte: Agência Leia

voltar

 
 
© 2009 AZ Investimentos - all rights reserved | desenvolvido por Client By