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ESPECIAL COPOM: Mais conservador, BC deve cortar Selic em 1 p.p. em abril
29/04/2009

29 de Abril de 2009 11h43
Beatriz Cutait

São Paulo, 29 de abril de 2009 Com o foco na recuperação da atividade econômica, com a percepção de que a inflação segue sob controle, mas que o País continua sujeito aos efeitos da crise mundial, o Banco Central brasileiro deverá continuar a trajetória de corte de juros em abril. Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que se encerra hoje, entretanto, a instituição deverá adotar uma postura mais conservadora do que a adotada em março, e realizar um corte de um ponto percentual da taxa básica de juros, para 10,25% ao ano. Em março, a redução foi de 1,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

De acordo com o Termômetro Leia, pesquisa feita pela Agência Leia com instituições financeiras com as previsões para os principais indicadores do País, a maioria dos analistas de mercado acredita que o Copom irá reduzir a taxa Selic em um ponto percentual. Das 80 instituições ouvidas, 65 apostam em corte de 1 ponto; oito acreditam que a redução será de 1,5 ponto; quatro instituições esperam um recuo de 1,25 ponto; e outras três projetam corte de 0,75 ponto.

O boletim Focus, do Banco Central, indica o mesmo ritmo de corte, de um ponto percentual, nesta reunião de abril.

De acordo com a economista Renata Machado, da MB Associados, o quadro favorável de evolução dos preços colabora para a perspectiva de corte de um ponto da Selic nesta reunião. "Desde o início do ano, temos um cenário benéfico de inflação, por conta da redução da atividade econômica. Há um cenário positivo para a inflação e o Banco Central pode usar a política econômica para amenizar o impacto da crise", observa. A MB Associados projeta inflação de 4,2% para este ano e de 4,5% para o próximo.

Na avaliação de Renata, entretanto, com base apenas nos dados de inflação, o BC teria espaço para promover um corte maior que um ponto da Selic em abril, mas as discussões sobre a rentabilidade da poupança devem pesar na decisão deste mês. Além deste corte de abril, a MB Associados prevê uma nova redução de 1 ponto, em junho, para 9,25% ao ano.

O economista-chefe do banco de investimento Geração Futuro, Gustav Gorski, compartilha da avaliação da maior parte das instituições consultadas pela Agência Leia, e acredita que o Banco Central cortará a Selic em 1 ponto em abril, embora não descarte uma postura mais agressiva, com uma redução de até 1,25 ponto percentual.

"Há vários fatores sinalizando pelo menos para uma estabilização da situação, como a retomada da indústria, o crescimento das vendas do varejo e o retorno do crescimento do crédito, que são sinais de que as coisas estão começando a melhorar", observa. A Geração Futuro prevê que, ao final do ano, a Selic estará em 9,25%.

Já a MCM Consultores estima que o ritmo do corte não será tão mais brando e espera uma redução de 1,25 ponto da taxa Selic na reunião deste mês, para 10% ao ano.

"A economia caiu com força no final do ano passado, o PIB do primeiro trimestre será fraco, então há uma ociosidade grande e o risco de pressão inflacionária é bem baixo, com o câmbio também muito bem comportado", observa oeconomista Antonio Madeira, sócio da MCM Consultores, que projeta que a taxa básica de juros ficará em 9% em dezembro e que a economia terá uma retração de 0,5% em 2009. A instituição estima que a inflação medida pelo IPCA corresponderá a 4,4%, neste ano, e a 4%, no próximo.

Já a Gradual Investimentos avalia que o Banco Central tem espaço para continuar a promover um corte de 1,5 ponto percentual da Selic na reunião desta semana, a exemplo do que foi feito em março.

Para a instituição, o Copom tem espaço para manter o ritmo da flexibilização monetária, pois considera que a inflação está sob controle e o nível de atividade está "modesto". Além disso, a Gradual assinala que também devem pesar sobre a decisão da autoridade monetária pressões políticas, a queda no nível de atividade econômica mundial e o fato de que as taxas de juros de outros países estão "historicamente baixas".

Apesar da grande maioria das instituições preverem um corte igual ou superior a um ponto percentual da Selic em abril, a AZ Investimentos estima que o ciclo de flexibilização monetária será mais extenso, porém com reduções menores da taxa.

"Apesar de acharmos que o BC tem espaço para cortar a taxa básica em 1 ponto, consideramos que ele será mais conservador nesta reunião. Ele provavelmente não quer exagerar na dose e o fator poupança também deve pesar sobre sua decisão", avalia o sócio da instituição, Ricardo Zeno. Para os próximos encontros do Copom, em junho e julho, a AZ Investimentos prevê dois cortes de 0,50 ponto cada, levando a taxa Selic a 9,50% ao ano.

Fonte: Agência Leia

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