Ibovespa realiza lucros, cai 0,5% e interrompe série de 4 altas
06/04/2009

06 de Abril de 2009 18h51
Vivian Pereira

São Paulo, 6 de abril de 2009 - A ausência de indicadores relevantes vindos dos Estados Unidos e uma agenda de poucos eventos no mercado interno marcaram o início da semana, o que fortaleceu a já esperada realização de lucros após as quatro altas consecutivas registradas na semana passada. Acompanhando as bolsas internacionais, o Ibovespa, principal índice da BM&FBOVESPA, encerrou o pregão desta segunda-feira em queda de 0,50%, a 44.167 pontos. O volume negociado foi de R$ 3,954 bilhões.

Os ânimos elevados dos investidores na última semana, em função principalmente das resoluções da reunião do G-20 e dos indicadores econômicos norte-americanos menos negativos, sinalizaram uma possível recuperação da economia mundial. Com isso, o mercado financeiro iniciou a semana com certa estabilidade, realizando os ganhos recentes. Segundo os analistas ouvidos pela Agência Leia, no entanto, a cautela para os negócios ainda deve permanecer enquanto os indicadores macroeconômicos e as notícias do setor corporativo continuarem revelando sinais negativos.

Para Hamilton Alves, estrategista de renda variável do BB Investimentos, a realização de lucros, embora fraca, é considerada saudável para o mercado após aturbulência da crise. "O volume ainda é baixo e o índice futuro precisa voltara subir, mas existem grandes chances de reverter esse cenário. A tendência agora é de altas, a menos que o noticiário traga alguma surpresa negativa", afirma.

Na visão do sócio-diretor da AZ Investimentos Ricardo Zeno, a retomada de confiança na economia mundial diminuiu a sensação de risco entre os investidores, como foi comprovado na semana passada. Ele acrescenta que o término do primeiro trimestre e as expectativas em relação aos balanços financeiros no cenário corporativo também podem ajudar a definir o rumo do mercado. "Os resultados ainda devem vir com números fracos por conta da crise e da diminuição da atividade industrial, mas é certo que o mercado está olhando para frente agora", diz.

Com a ausência de indicadores norte-americanos, as atenções ficaram em tornoda declaração do diretor do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) Kevin Warsh. Ele afirmou que os membros do governo norte-americano devemfornecer aos mercados financeiros mais clareza para ajudar a conter o "pânico" nos mercados internacionais, que, por sua vez, "começou antes da recessão atual e irá, seguramente, terminar antes dela". Para Warsh, o pânico éo resultado das falhas nas práticas do setor privado e das políticas públicas erradas.

Na zona do euro, a avaliação das condições econômicas pelo investidor melhorou neste mês. O índice do grupo Sentix de confiança nos 16 países, que tembase numa pesquisa com mais de 2,9 mil investidores, subiu em 7,4 pontos percentuais, de -42,7 em março para -35,3.

 Já os preços ao produtor da zona do euro retraíram novamente em fevereiro, segundo a Eurostat. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede os preços no atacado, excluindo o setor de construção, caiu 0,5% em relação a janeiro, quando foi apurada queda de 1,1%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o índice caiu 1,8%.

Ainda na zona do euro, as vendas no varejo recuaram em fevereiro tanto na comparação com janeiro como em relação ao mesmo mês do ano passado, também segundo a Eurostat. O índice de vendas no varejo nos 16 países caiu 0,6% na comparação com janeiro, quando foi apurado avanço de 0,1%. Já em relação a fevereiro de 2008, o índice retraiu 4,0%.

Pela quinta semana seguida, o mercado financeiro revisou para baixo a projeção para o desempenho da economia brasileira e, pela primeira vez, vê retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. Os analistas ouvidos pelo BancoCentral (BC) para o boletim Focus revisaram de nulo para retração de 0,19% o desempenho da economia brasileira neste ano. Para 2010, a previsão foi mantida em expansão de 3,5% pela quinta semana.

 Os economistas também revisaram para baixo as projeções para a inflação. Para 2010, após 43 semanas de manutenção, a previsão para o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,5% para 4,46%, abaixo do centro dameta do governo. Para este ano, a estimativa, que cai há cinco semanas, passou e 4,32% para 4,26%. Para os próximos 12 meses, a projeção foi mantida e 4,19%.

O IBGE informou que a produção industrial brasileira recuou em 13 das 14 regiões pesquisadas em fevereiro, em relação ao o mesmo mês de 2008. Na semana passada, o instituto havia reportado queda de 17% na comparação anual.

Já a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 588 milhões na primeira semana de abril, resultado de exportações de US$ 1,751 bilhão e importações de US$ 1,163 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No ano, a balança registra superávit de US$ 3,6 bilhões, com vendas de US$ 32,928 bilhões e compras de US$ 29,328 bilhões. 

A boa notícia do dia veio da indústria automobilística que, em março, registrou crescimento nas vendas de 36,2% sobre fevereiro e de 16,9% na comparação com março de 2008, para 271.442 unidades. Foi o segundo melhor mês emvolume de vendas da história, perdendo apenas para o desempenho de julho do anopassado (288,1 mil veículos).

No primeiro trimestre, que contou com os efeitos da redução do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI) sobre os licenciamentos de automóveis e caminhões, as vendas somaram 668.262 veículos, aumento de 3,1% em relação ao mesmo intervalo de 2008. Nos últimos 12 meses, até março, as vendas totalizaram 2,84 milhões de unidades, expansão de 8,5% na comparação com o período imediatamente anterior.

A produção atingiu 272.371 unidades em março, crescimento de 34,2% sobre fevereiro e queda de 4% ante março de 2008. No trimestre, foram produzidas 660.010 unidades, recuo de 16,8% em relação ao mesmo período do ano passado. 

A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) informou que a indústria de fundos de investimento encerrou o primeiro trimestre com captação líquida positiva (resultado de resgates e aplicações) de R$ 8,392 bilhões. No quarto trimestre de 2008, a captação líquida havia sido negativa em R$ 32,107 bilhões. Já no primeiro trimestre do ano passado, o resultado havia sido positivo em R$ 23,442 bilhões. 

No ambiente corporativo, a Petrobras inaugurou hoje sua terceira usina de biodiesel no País, que terá capacidade de produção de 57 milhões de litros de biodiesel por ano e pode chegar a 80 milhões de litros até 2013. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 0,36%, a R$ 30,29, e as ordinárias (PETR3) caíram 1,11%, a R$ 38,07.

No setor de telecomunicações, a Oi informou, na sexta-feira, o novo valor dopatrimônio líquido da companhia, após revisão para conciliação de práticas e estimativas contábeis utilizadas pela Tele Norte Leste e Telemar, por parte da Oi, e pela Brasil Telecom Participações e da Brasil Telecom. Com a revisão, o patrimônio líquido, que estava em R$ 5,764 bilhões em 31 de dezembro, passa paraR$ 4,464 bilhões, já ajustado. As preferenciais da Telemar (TNLP4) subiram 0,29%, a R$ 34,40, e as ordinárias (TNLP3) recuaram 2,62%, a R$ 40,40. 

Dos papéis do Ibovespa, a maior alta do dia foi registrada pela ação ON da Rossi (RSID3) que subiu 4,92%, cotada a R$ 4,47, seguida pelas ordinárias da CCRRodovias (CCRO3), com alta de 4,88%, a R$ 24,07. Na sequência, as preferenciaisda Vivo (VIVO4) tiveram ganhos de 4,83%, a R$ 32,50. 

No sentido contrário, as ações da Sabesp (SBSP3) sofreram a maior queda: caíram 4,55%, a R$ 25,36. As preferenciais da Cemig (CMIG4) recuaram 3,46%, a R$35,70, e os papéis da Klabin (KLBN4) tiveram perdas de 3,28%, a R$ 2,94. 

A ação mais negociada no pregão desta segunda-feira foi a preferencial da Petrobras (PETR4), com movimento de R$ 471,3 milhões. Em seguida, a ação PNA da Vale (VALE5) teve giro de R$ 431,6 milhões e a ordinária da Petrobras (PETR3) movimentou R$ 201,6 milhões.

Mercados internacionais

 No mercado de ações norte-americano, o índice Dow Jones caiu 0,52%, a 7.975,85 pontos, o S&P500 perdeu 0,83%, a 835,48 pontos, e o Nasdaq Composto recuou 0,93%, a 1.606,71 pontos. 

No mercado de commodities, o preço do barril de petróleo WTI com entrega para maio, negociado na Bolsa de Nova York, caía há pouco 2,39%, a US$ 51,25. Já em Londres, o contrato com vencimento em maio recuava 2,11%, a US$ 52,34.

Câmbio

O dólar comercial fechou em alta de 0,59%, a R$ 2,218, interrompendo quatro dias de quedas. Já o dólar futuro com vencimento em abril subiu 0,49%, a R$ 2,236.

Juros

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mais líquidos encerraram em queda a sessão regular da BM&FBOVESPA desta segunda-feira. Na ponta curta da curva de juros futuros, o DI para maio terminou o pregão estável, a 11,09%, giro de R$ 9,4 bilhões. O contrato para julho caiu de 10,27% para 10,24%, volume negociado de R$ 1,9 bilhão

O DI para outubro desceu de 9,94% para 9,88%, giro de R$ 2,6 bilhões. Com volume negociado de R$ 11,7 bilhões, o DI para janeiro de 2010 recuou de 9,83% para 9,77%. Na ponta longa da curva, o DI 2011 desceu de 10,51% para 10,40%, giro de R$ 3,4 bilhões, e o DI 2012 recuou de 10,99% para 10,88% (R$ 2,3 bilhões).

De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC), em relação aos juros as projeções do mercado pouco se alteraram na semana passada. Para abril a previsão foi mantida em 10,25%, assim como para 2009, que continuou em 9,25%. Para 2010, no entanto, a estimativa foi reduzida pela segunda vez, de 9,5% para 9,38%.

Agenda de amanhã

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga às 8h o Indice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) relativo a março. O Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE) divulga às 9h o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), também referente a março. O Banco Central deve realizar leilão de troca de LTNs e LFTs. A locadora de carros Localiza divulga seu balanço referente ao primeiro trimestre do ano, após o fechamento do mercado.

Nos Estados Unidos, o LJR Redbook anuncia às 9h55 o resultado de sua pesquisa semanal sobre as vendas no varejo. O Departamento do Tesouro anuncia às16h o crédito ao consumidor em fevereiro. 

No Reino Unido, o National Statistics informa, às 5h30, o índice de produçãoindustrial da região em fevereiro. Na zona do euro, a agência de estatísticas Eurostat divulga, às 6h, o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre. No Japão, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) informa, ainda sem horário definido, sua decisão de política monetária. O presidente do BoJ, Masaaki Shirakawa, deve discursar em seguida.

Fonte: Agência Leia

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