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Ação da Petrobras supera preço do papel da Vale
24/03/2009

23 de Março de 2009 16h10
Mariana Segala

Os investidores na Bolsa de Valores de São Paulo estão vendo, neste mês de março, uma situação atípica ocorrer com os papéis mais negociados do pregão. As ações preferenciais série A (PNA) da Vale estão, atualmente, mais caras que as preferenciais (PN) da Petrobras. Às 15h30, os papéis da mineradora estavam cotados a R$ 28,30 e os da petrolífera, a R$ 30,65 – uma diferença de mais de 8%.

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“Historicamente, é muito raro isso acontecer”, afirma o analista gráfico e sócio da consultoria Conexão BR, Erich Beletti. Desde o final de 2004, as ações da Petrobras ultrapassaram as da Vale apenas duas vezes, de acordo com levantamento feito por Beletti: uma entre agosto e setembro de 2006 e outra em outubro de 2008. A situação abre espaço para investidores mais agressivos apostarem em uma arbitragem entre os preços dos dois papéis. “O investidor poderia comprar ações da Vale e vender ações da Petrobras (por meio de operações de aluguel), apostando na alta dos papéis da mineradora e na baixa dos papéis da petrolífera”, explica o analista.

Leia mais sobre as operações de aluguel de ações aqui.

A combinação de compra e venda – numa operação conhecida como “long short” (ou comprado/vendido) – renderia frutos nas duas pontas. De um lado, o lucro viria com uma alta da Vale. Do outro, quem fica “vendido” também lucra com uma queda da Petrobras. O resultado final da estratégia seria a soma dos ganhos das duas operações.

O sócio da consultoria AZ Investimentos, Ricardo Zeno, destaca que fatores específicos do atual momento levaram à inversão entre os valores de Vale e Petrobras. “A Vale está passando por um momento difícil de negociação sobre o reajuste de preço do minério de ferro”, explica. As previsões não são otimistas. Projeções de bancos e investidores são de que os preços sofrerão uma queda além até dos 30% neste ano, segundo Zeno. “Já as ações da Petrobras se beneficiam da valorização do petróleo nos últimos tempos”, afirma. A partir da estabilização destes dois quesitos, é de se esperar que as ações das duas empresas retomem a relação histórica existente entre si. “Por isso, recomendo a operação de compra de Vale e venda de Petrobras como mais uma alternativa de diversificação do portfólio de renda variável do investidor”, diz Zeno.

A operação, no entanto, embute o risco de eventualmente nenhum dos cenários previstos se concretizar. “A redução do preço do minério de ferro pode ser maior que o esperado, prejudicando as ações da Vale. E o preço do petróleo pode continuar subindo, fazendo as ações da Petrobras avançarem”, afirma Zeno. Esse é o risco de montar estratégias “long short” com papéis de setores diferentes, como é o caso, explica Beletti. “Uma notícia de cada setor pode jogar a estratégia para o lado oposto.” Por isso, ele recomenda a arbitragem com Vale e Petrobras apenas para os dispostos a assumir uma dose maior de risco.

Por conta do risco, Beletti lembra que é necessário estabelecer de antemão o limite de perdas com a estratégia. Ele sugere que o investidor se desfaça da operação e arque com os prejuízos caso a diferença entre os preços das duas ações ultrapasse os 10%. Isso porque, numa avaliação desde meados de 2002, a diferença máxima que o papel da Petrobras conseguiu abrir em relação ao da Vale foi de 9,5%. “Se ultrapassar esse patamar, podemos ter um sinal de que a relação histórica está mudando”, afirma.

Fonte: Agência Estado

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