Apesar de novo plano de Obama,
Ibovespa recua 0,43%
18/02/2009
18 de Fevereiro de 2009
20h26
Eduardo Laguna
São Paulo, 18 de fevereiro
de 2009 - O Ibovespa, principal indicador
da BM&FBOVESPA, acumulou hoje
o segundo dia seguido de perdas e
fechou o pregão em queda de
0,43%, aos 39.674 pontos. O movimento
financeiro da Bolsa paulista atingiu
R$ 5,166 bilhões.
Os investidores operaram na expectativa
do anúncio de um plano para
restaurar o setor hipotecário
norte-americano, mas prevaleceram
nos negócios as incertezas
em relação aos desdobramentos
da crise financeira e os indicadores
negativos nos Estados Unidos.
Influenciado pelo vencimento
dos contratos do Ibovespa Futuro,
o Ibovespa mostrou volatilidade durante
o dia, chegando a subir 1,4% (40.434
pontos) nos dez primeiros minutos
de pregão, para depois recuar
para a mínima de 39.209 pontos
(queda de 1,59%). "O vencimento
do índice futuro contribuiu
para deixar o mercado bastante volátil.
Além disso, o grau de incerteza
continua dando do tom dos negócios",
afirma Ricardo Zeno, sócio-diretor
da AZ Investimentos.
Na esteira da desvalorização
do petróleo, a ação
preferencial da Petrobrás (PETR4)
o papel mais negociado do dia (giro
de R$ 760,5 milhões) -recuou
1,93%, a R$ 25,89. Por sua vez, a
ação ON da estatal (PETR3)
cedeu 2,29%, para R$ 31,57. Por outro
lado, a valorização
de 1,89%, a R$ 29,61, da ação
PNA da Vale (VALE5) ajudou a suavizar
a queda do Ibovespa. A ação
ON da mineradora (VALE3) subiu 2,02%,
a R$ 34,80.
Depois de afirmar que a crise imobiliária
ameaça a estabilidade da economia
norte-americana, o presidente Barack
Obama lançou um programa para
o setor hipotecário que deve
entrar em vigor em duas semanas. A
estratégia contempla desembolsos
de US$ 75 bilhões para até
quatro milhões de mutuários
com dificuldades para pagar as hipotecas.
Além disso, o Tesouro ampliou
de US$ 100 bilhões para US$
200 bilhões os recursos destinados
para financiar as agências hipotecárias
Freddie Mac e Fannie Mae. O Tesouro
e o Federal Reserve (Fed, o banco
central norte-americano) seguirão
comprando os títulos lastreados
em hipotecas garantidas pelas empresas,
buscando prover liquidez. Com o plano,
Freddie Mac e Fannie Mae passam a
refinanciar hipotecas de cerca de
4 milhões a 5 milhões
de mutuários.
"O plano de Obama é
muito inteligente, mas vai demorar
algum tempo para ser implantado. É
necessário repactuar contrato
por contrato e isto só deve
começar em março",
diz José Francisco de Lima
Gonçalves, economista-chefe
do Banco Fator.
"O anúncio agrada
o investidor, mas ainda não
dá para saber como será
a implementação do programa
e se o pacote será suficiente",
diz, Zeno, da AZ Investimentos.
Junto com o anúncio de Obama,
notícias na Europa ampliaram
as expectativas sobre a estatização
de bancos. No Reino Unido, o Comitê
de Política Monetária
(MPC, na sigla em inglês)) do
Banco da Inglaterra autorizou o presidente
da autoridade monetária a solicitar
ao ministro das Finanças a
autorização para proceder
à compra de ativos do governo
e de outras entidades. Na Alemanha,
o governo aprovou hoje um projeto
de lei que permite a nacionalização
dos bancos. De acordo com o projeto,
o governo alemão oferecerá
durante cinco anos garantias para
assumir a dívida das instituições
financeiras com problemas.
Na série de indicadores divulgados
hoje nos Estados Unidos, o Fed informou
que a produção industrial
norte-americana caiu 1,8% em janeiro,
na comparação com dezembro.
A utilização da capacidade
instalada da indústria recuou
em 1,3 ponto percentual para 72% no
mês passado.
Também na comparação
mensal, o índice de construção
de imóveis nos Estados Unidos
caiu 16,8% no mês passado, segundo
o Departamento do Comércio.
Na zona do euro, a produção
no setor da construção
da registrou retração
de 2,2% em dezembro, na comparação
com novembro, conforme dados da Eurostat.
Junto com a ata sobre a reunião
em que os juros básicos dos
Estados Unidos foram mantidos entre
0% e 0,25% ao ano, o Comitê
Federal de Mercado Aberto (Fomc, na
sigla em inglês) do Fed informou
que prevê uma contração
do Produto Interno Bruto (PIB) real
dos Estados Unidos entre 0,5% e 1,3%
em 2009. Em 2010, a expectativa é
de que a economia do país volte
a crescer, com alta estimada entre
2,5% e 3,3%. Em outubro, as estimativas
do comitê eram de expansão
de 1,1% a uma retração
de 0,2% no PIB norte-americano neste
ano.
O mercado também repercutiu
hoje as preocupações
com as montadoras norte-americanas,
depois de a Chrysler e a General Motors
(GM) apresentarem seus planos de reestruturação
ao Departamento do Tesouro dos Estados
Unidos. As fabricantes pediram acesso
a novos empréstimos no valor
US$ 21,6 bilhões. A Chrysler,
que já recebeu US$ 4 bilhões
em empréstimos federais no
final do ano passado, pediu mais US$
5 bilhões. Por sua vez, a GM
pediu mais US$ 16,6 bilhões
em ajuda do governo, sob o argumento
de que ficará sem dinheiro
no próximo mês se não
receber a ajuda federal.
No Brasil, o Instituto Brasileiro
de Siderurgia (IBS) reportou uma queda
de 1,8% na produção
de aço bruto em janeiro, na
comparação com dezembro.
No mês passado, a produção
de aço no Brasil atingiu 1,616
milhão de toneladas. No fechamento
do pregão, a ação
ON da CSN (CSNA3) mostrou o pior desempenho
entre as siderúrgicas, com
queda de 3,79%, a R$ 34,50.
Para aliviar os investidores, o
Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) informou
que espera liberar R$ 30 bilhões
neste ano para a área de infraestrutura.
O diretor da instituição,
Wagner Bittencourt, informou que esse
montante supera os R$ 19 bilhões
liberados em 2008. Os recursos não
incluem os projetos do Plano de Investimento
da Petrobras.
Na sequência da temporada
de balanços, a Equatorial Energia
anunciou lucro líquido de R$
94,7 milhões no quarto trimestre
de 2008, uma queda de 16,1% na comparação
com o mesmo período de 2007.
Já a locadora de carros Localiza
registrou prejuízo líquido
de R$ 29,8 milhões no quarto
trimestre, enquanto as perdas da BNDESPAR
no período atingiram R$ 318
milhões.
Na contramão dos números
negativos, o BicBanco anunciou um
incremento de 76,1% no lucro do quarto
trimestre, para R$ 320,531 milhões.
A Contax Participações
informou que obteve lucro líquido
de R$ 27,4 milhões no período,
uma alta de 47,5% sobre o mesmo trimestre
de 2007.
Entre os papéis do Ibovespa,
a ação ON da Cyrela
(CYRE3) mostrou a maior queda do dia,
com perdas de 4,85%, para R$ 9,01.
Na sequência, as units da América
Latina Logística (ALLL11) cederam
4,82%, para R$ 8,09, e a ação
ON da BM&FBOVESPA (BVMF3) perdeu
4,45%, a R$ 6,22.
O melhor desempenho entre as ações
do índice foi da ON da TIM
Participações (TCSL3),
que avançou 6,1%, para R$ 6,95,
seguida pela alta de 3,69%, a R$ 30,59,
da ação ON da Perdigão
(PRGA3). A ação PNB
da Cesp (CESP6) subiu 3,53%, a R$
14,05, no terceiro melhor resultado.
O papel PNA da Vale (VALE5) mostrou
o segundo maior giro financeiro da
Bolsa, com movimento de R$ 578,2 milhões,
atrás apenas da ação
preferencial da Petrobras (PETR4).
O terceiro maior giro foi da ação
ON da BMFBOVESPA (BVMF3), com R$ 174,9
milhões.
Mercados internacionais
No mercado de ações
norte-americano, o índice Dow
Jones ficou praticamente estável,
com leve alta de 0,04%, a 7.555,63
pontos. O S&P 500 perdeu 0,1%,
a 788,42 pontos. O Nasdaq Composto
teve desvalorização
de 0,18%, aos 1.467,97 pontos.
No mercado de commodities, o preço
do barril de petróleo WTI com
entrega para abril, negociado na Bolsa
de Nova York, subia 0,51%, a US$ 37,60,
depois de atingir a mínima
de US$ 37,53. Já em Londres,
o contrato com vencimento em abril
recuava 3,14%, a R$ 39,74.
Câmbio
O dólar comercial fechou
em alta de 1,03%, cotado a R$ 2,352
para venda. O dólar futuro,
com vencimento em março, subiu
0,34%, para R$ 2,357.
Juros
Os contratos de Depósito
Interfinanceiro (DI) mais líquidos
encerraram a sessão regular
de hoje na BM&FBOVESPA em alta.
O contrato para janeiro de 2010 subiu
de 10,98% para 11,01%. Entre os contratos
mais curtos, o DI para abril foi exceção
e caiu de 12,19% para 12,17%. O DI
para maio foi de 11,97% para 11,98%.
Na ponta longa da curva de juros futuros,
o DI para janeiro de 2011 teve ligeira
queda, de 11,48% para 11,47%.
Agenda de amanhã
No Brasil, não há
indicadores previstos. Nos Estados
Unidos, o Departamento do Trabalho
divulga às 10h30 o seu relatório
sobre o número de pedidos de
seguro-desemprego na semana encerrada
em 14 de fevereiro. No mesmo horário,
o Departamento do Trabalho norte americano
anuncia o Indice de Preços
ao Produtor (PPI, na sigla em inglês)
em janeiro. Às 12h, o Conference
Board informa o índice dos
indicadores antecedentes em janeiro.
No mesmo horário, o Federal
Reserve Bank da Filadélfia
anuncia o índice que mede a
atividade industrial na região
em fevereiro. Às 13h, o Departamento
de Energia norte-americano (DoE) e
o Instituto Americano do Petróleo
(API) divulgam seus relatórios
semanais sobre os estoques de petróleo.
O Banco do Japão (BoJ, na
sigla em inglês) informa, à
00h00, a sua decisão de política
monetária. No Reino Unido,
o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla
em inglês) informa, às
6h30, a prévia do índice
de massa monetária M4, referente
à janeiro.
Fonte: Agência Leia
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