Rumores norte-americanos fazem
Ibovespa disparar ao fim do dia
16/01/2009
15 de Janeiro de 2009
20h12
Carolina Marcondes
São Paulo, 15 de janeiro
de 2009 - A possibilidade de que o
governo norte-americano garanta até
US$ 200 bilhões em depósitos
para o Bank of America fez com que
Wall Street revertesse as perdas e
passasse a operar em alta, levando
consigo o Ibovespa, principal índice
da BM&FBOVESPA. Quando faltava
menos de uma hora para o fechamento
dos negócios, o índice
voltou ao terreno positivo, e em poucos
minutos já havia disparado
mais de 3%. Após os ajustes,
o Ibovespa fechou com alta de 3,08%,
a 39.151 pontos. O volume financeiro
negociado pela Bolsa brasileira foi
de R$ 4,074 bilhões.
Além dos rumores sobre o
banco norte-americano, após
uma manhã de repercussão
dos indicadores negativos, o site
"MarketWatch", citando um
membro da Câmara, informou que
a bancada democrata apresentaria à
Casa uma proposta de um novo pacote
de estímulo econômico
de US$ 825 bilhões.Do montante,
US$ 275 bilhões devem ser em
reduções de impostos
e US$ 550 bilhões, para investimentos
governamentais em diversas áreas.
Para Ricardo Zeno, sócio-diretor
da AZ Investimentos, o mercado assimilou
os recentes indicadores ruins e voltou
a assimilar o otimismo diante da proximidade
da posse de Barack Obama na presidência
dos Estados Unidos, na próxima
terça-feira. Mas o dia positivo
para o Ibovespa não pode ser
explicado apenas por fatores externos.
"O vencimento de opções
na próxima segunda-feira ajudou
a garantir a volatilidade, assim como
a alta das ações da
Petrobras mesmo com o petróleo
em forte queda no mercado internacional",
afirma Zeno. Para ele, além
de provocar uma redução
nos DIs futuros, a expectativa de
que haja uma redução
de 0,5 ponto percentual na taxa Selic
na próxima reunião do
Copom também incentivou a valorização
do mercado de ações.
"Afinal, um corte de juros reduz
o apetite pela renda fixa e gera uma
migração para a renda
variável", diz o sócio-diretor.
Segundo o economista-sênior
do Banco Espírito Santo, Flávio
Serrano, o Ibovespa subiu muito mais
que os mercados norte-americanos porque
a correlação é
sempre maior. "As commodities,
como o petróleo, tiveram um
dia negativo, mas mesmo assim houve
uma desaceleração no
final do dia."
Os principais alvos de interesse
dos investidores no vencimento de
opções, Petrobras e
Vale, terminaram o dia em alta. As
ações preferenciais
da estatal (PETR4) avançaram
3,43%, a R$ 24,10, enquanto as ordinárias
(PETR3) subiram 3,28%, a R$ 28,59.
Já entre as ações
da mineradora, a Vale PNA (VALE5)
subiu 2,72%, a R$ 26,40 e a Vale ON
(VALE3) cresceu 2,09%, a R$ 29,30.
A Petrobras anunciou que cancelou
a licitação para a construção
das plataformas P-61 e P-63 por considerar
os valores das propostas recebidas
elevadas "dadas as condições
atuais do mercado". Com isso,
a companhia analisará alternativas
para o desenvolvimento do projeto
do campo de Papa-Terra, na bacia de
Campos, no Rio de Janeiro.
As ações da Gol (GOLL4)
encerraram o dia com a maior valorização
do Ibovespa: 9,88%, a R$ 11,01, enquanto
as da Lojas Renner (LREN3) cresceram
9,73%, a R$ 16,45, e as da NET (NETC4)
avançaram 9,47%, a R$ 14,79.
Os papéis dos bancos
também terminaram o dia em
alta - segundo Zeno, da AZ Investimentos,
pelo balanço do JP Morgan,
que ficou acima das expectativas.
Os papéis do Banco do Brasil
(BBAS3) cresceram 6,30%, a R$ 15,00,
os do Bradesco (BBDC4) subiram 3,04%,
a R$ 21,65, os do Itaú avançaram
1,80%, a R$ 24,80, e as units do Unibanco
(UBBR11) terminaram o dia em alta
de 2,20%, a R$ 13,88.
No sentido oposto, a VCP (VCPA4),
que recebeu nesta quinta-feira a recomendação
de venda pelo UBS, terminou o dia
com a maior desvalorização
do Ibovespa: 2,47%, a R$ 16,96, seguida
pelas ações da Telesp
(TLPP4), que recuaram 1,30%, a R$
41,45, e pelas da Brasil Telecom PN
(BRTO4), que fecharam em queda de
1,26%, a R$ 11,70.
A percepção dos analistas
de mercado consultados pela Agência
Leia é de que a concretização
da compra do controle da Brasil Telecom,
anunciado na última sexta-feira,
contribuiu para uma realização
de lucros das ações.
"O mercado estava concentrado
na operação e realizou
os lucros na confirmação
do negócio", disse o gerente
de análise da Moda Asset Management,
Eduardo Roche.
As ações preferenciais
da Petrobras (PETR4) terminaram com
o maior volume financeiro negociado:
R$ 780,071 milhões, enquanto
as ações da Vale PNA
(VALE5) giraram R$ 554,274 milhões
e as do Itaú (ITAU4) movimentaram
R$ 196,658 milhões.
Mercados internacionais
Os principais índices do
mercado de ações norte-americano
reverteram tendência e fecharam
em alta. O índice Dow Jones
avançou 0,15%, a 8.212,49 pontos,
enquanto o Nasdaq Composto subiu 1,49%,
para 1.511,84 pontos. O S&P 500
teve valorização de
0,13%, para 843,74 pontos.
No mercado de commodities, o preço
do barril de petróleo WTI com
entrega para fevereiro, negociado
na Bolsa de Nova York, recuava 6,41%
há pouco, cotado a US$ 34,89,
após cair mais de 10% durante
o dia. Em Londres, o produto tipo
Brent com vencimento em março
tinha desvalorização
de 1,19%, para US$ 47,05.
Câmbio
Com a intervenção
do Banco Central (BC), o dólar
comercial fechou o dia em alta de
1,44%, cotado a R$ 2,380. O dólar
futuro, com vencimento em fevereiro,
recuou 0,69%, a R$ 2,368.
No início da tarde, o BC
realizou leilão de venda de
dólares, com taxa de corte
de R$ 2,374. A liquidação
será feita na próxima
terça-feira.
Juros
O DI para abril, o mais líquido
da ponta curta da curva de juros caiu
de 12,80% para 12,75%. O contrato
para julho recuou de 12,26% para 12,17%
e
contrato para janeiro de 2010, reflexo
da expectativa para o ciclo total
de afrouxamento monetário,
despencou de 11,59% para 11,41%.
Agenda de amanhã
A agenda desta sexta-feira será
de importantes indicadores. No Brasil,
a Fundação Getúlio
Vargas (FGV) divulga às 8h
o IPC-S relativo à segunda
quadrissemana de janeiro, enquanto
o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) divulga
às 9h a Pesquisa Mensal de
Comércio (PMC) referente a
novembro do ano passado.
O mercado prevê que as vendas
no comércio varejista brasileiro
tenham aumentado 6,50% em novembro
na comparação com o
mesmo período do ano anterior,
segundo a mediana das projeções
do Termômetro Leia, pesquisa
feita com instituições
financeiras com as previsões
para os principais indicadores do
País. Pelo conceito de mediana,
50% das previsões estão
acima de 6,50% e 50%, abaixo.
Nos Estados Unidos, o Departamento
do Trabalho divulga às 11h30
o Indice de Preços ao Consumidor
(CPI, na sigla em inglês) em
dezembro. Às 12h, o Departamento
do Tesouro divulga o resultado do
investimento estrangeiro indireto
em novembro. Logo depois, às
12h15, o Federal Reserve divulga a
produção industrial
em dezembro, e às 13h a Universidade
de Michigan, em parceria com a agência
"Reuters", anuncia a sua
prévia do índice de
confiança do consumidor para
janeiro.
Na agenda de divulgação
de resultados, saem os números
do banco Citigroup.
Fonte: Agência Leia
voltar |