News - Briefing de Mercado

Cortes de juros por BCs não evitam queda dos mercados
05/12/2001

05 de Dezembro de 2008 20h24
Carolina Marcondes

A primeira semana do mês de dezembro foi marcada por novo recuo do Ibovespa, principal índice da BM&FBOVESPA. Mas o desempenho negativo brasileiro não foi um fato isolado: as principais bolsas mundiais também recuaram, assim como o preço do petróleo. Já o dólar foi pelo sentido oposto e terminou a semana com forte valorização. O recuo do Ibovespa foi de 3,41%, a 35.347 pontos.

"Esta foi a semana dos bancos centrais, visto que vários deles anunciaram cortes na taxa de juros", resume o economista-chefe da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira. União Européia (corte de 0,75 ponto, para 2,50% ao ano), Inglaterra (menos um ponto, para 2%), Nova Zelândia, Tailândia e Indonésia reduziram suas taxas, enquanto o Japão manteve (0,3%). Para Bandeira, está cada vez mais clara a aversão ao risco, e isso pode ser comprovado pela fuga de recursos do país. "Isso faz com que tanto o preço das commodities como da Bolsa recue consideravelmente", afirma o economista.

Segundo informações divulgadas pela BM&FBOVESPA, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa ficou negativo em R$ 1,157 bilhão em novembro. O valor é resultado de compras no valor de R$ 23,400 bilhões e de vendas de R$ 24,557 bilhões. No acumulado do ano até novembro, o valor está negativo em R$ 23,192 bilhões. O saldo manteve o sinal positivo até maio, quando estava acumulado em R$ 758,260 milhões.

O sócio-diretor da AZ Investimentos Ricardo Zeno afirma que a semana foi marcada pelos indicadores divulgados e pela alta volatilidade dos mercados mundiais. "Como destaque, aponto a volta do preço do petróleo ao patamar de US$ 40 o barril", diz. Entretanto, Zeno afirma que a semana não foi marcada por fatos surpreendentes. "Continuamos diante do mesmo cenário."

Para a semana que vem, o diretor da AZ prevê mais volatilidade. "A divulgação do PIB do terceiro trimestre deverá mostrar desaceleração, apesar de que o resultado anual será positivo", afirma Zeno. Já Álvaro Bandeira diz que os indicadores de atividade serão o destaque da próxima semana. "A decisão do Copom não deverá ser tão importante para o desempenho do mercado." Os dois especialistas ouvidos pela Agência Leia prevêem manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano.

Destaques corporativos

A semana foi repleta de notícias para a Petrobras, cujas ações têm o maior peso no Ibovespa. Na segunda-feira o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que polêmica em torno do empréstimo que a estatal tomou junto à Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 2 bilhões, é uma "tempestade em um copo dágua". "Questionar a solidez da Petrobras é verdadeira piada. A empresa teve lucro recorde trimestral", disse Mantega na ocasião. Na quarta-feira, foi a vez da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmar que os investimentos a serem realizados no campo de Tupi, na camada do pré-sal, somarão R$ 9,3 bilhões. No último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os valores ainda estavam em estudo pela Petrobras. A expectativa é de que os investimentos, no projeto-piloto, sejam realizados até 2010. No mesmo dia, o diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, afirmou que o novo plano de negócios da empresa (2009-2013) não prevê redução de investimentos e a empresa informou que assinou contrato relativo a mais uma fase da construção da plataforma semi-submersível P-55, no valor de US$ 857 milhões. Com investimento total previsto de US$ 1,65 bilhão, a plataforma deverá ter as operações iniciadas em 2011, no campo de Roncador, na bacia de Campos. Hoje, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse o plano de investimentos da estatal para o período 2009 a 2013,será maior que o atual (2008-2012), orçado em US$ 112 bilhões. "Provalvelmente deve crescer", comentou. As ações PETR3 encerraram a semana em queda de 9,47%, a R$ 21,50, enquanto PETR4 perderam também 9,47%, a R$ 18,16.

Já a Vale informou na quarta-feira que demitiu 1,3 mil funcionários em suas unidades no Brasil e no mundo, como conseqüência do arrefecimento no mercado de metais. A empresa também concedeu férias escalonadas de 30 dias para 5,5 mil funcionários a partir de 1 de dezembro. A previsão é de que o revezamento de férias dure até fevereiro.

A assessoria de imprensa da companhia informou que a Vale trabalha para evitar novos cortes no seu quadro de aproximadamente 60 mil funcionários. Neste sentido, 1,2 mil funcionários estão em treinamento para serem reaproveitados pela companhia em novas funções.No final de outubro, a Vale comunicou o mercado sobre um corte de produção de minério de ferro equivalente a 30 milhões de toneladas anuais.

No dia seguinte, a mineradora informou que reduziu seu plano de produção em minas de níquel no Canadá, em razão das mudanças no mercado global de metais. A mineradora decidiu paralisar por tempo indeterminado a mina Copper Cliff South (CC South), localizada na província de Ontário, a partir de janeiro de 2009. A operação produz oito mil toneladas de níquel por ano. As ações VALE3 terminaram a semana em queda de 14,46%, a R$ 23,5, enquanto a VALE5, de maior liquidez, perdeu 12,24%, a R$ 21,50.

Também nesta semana, a TIM enviou comunicado ao mercado em que reafirma que o crescimento da receita e da margem Ebitda em 2008 deverão ficar dentro do previsto pela companhia no segundo trimestre deste ano. A previsão é de que o aumento seja de 7% e entre 22% e 22,5%, respectivamente. Além disso, a empresa previu que suas receitas deverão alcançar R$ 14,4 bilhões em 2009. A expectativa é de que o número cresça 8% ao ano, no triênio que vai até 2011. O Ebitda projetado para 2009 é de R$ 3,3 bilhões. Ao final de 2011, a intenção é de que alcance 27% das receitas da empresa.

A TIM tem investimento de R$ 7,2 bilhões planejados para o triênio 2008-2010. Para este ano, a estimativa é que sejam aplicados R$ 3,3 bilhões e R$2,3 bilhões em 2009. Segundo a companhia, em 2011, o capex deverá representar 12% da receita da TIM. As ações preferenciais da companhia (TCSL4) terminaram a semana em alta de 1,56%, a R$ 3,90.

A primeira semana de dezembro também foi marcada pela autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que a Azul Linhas Aéreas inicie suas operações. Os vôos de Campinas (SP) com destino a Porto Alegre (RS) e Salvador (BA) terão início no próximo dia 15. Além disso, a empresa anunciou que em 14 de janeiro inicia vôos de Campinas para Curitiba (PR) e Vitória (ES). Diante do início das operações da Azul, a Gol anunciou uma série de promoções de tarifas para o final do ano e temporada de férias. No caso de um vôo entre Campinas e Porto Alegre, a tarifa oferecida pela Gol é menor que a concorrente, por exemplo. As ações GOLL4 terminaram a semana em alta de 11,30%, a R$ 9,75.

Já a Sadia (SDIA4) anunciou que o valor de sua exposição líquida com contratos futuros em dólar no valor de US$ 2.364.167.000, conforme anunciado no balanço do terceiro trimestre, foi reduzida para US$ 966,333 milhões. A companhia acrescentou que seu caixa disponível ainda gira em torno dos R$ 1 bilhão e projetou que suas exportações devem ultrapassar os US$ 3 bilhões este ano. A empresa informou ainda que sua administração continuará informando o mercado sobre alterações de operações financeiras. As ações da companhia terminaram a semana estáveis, a R$ 3,30.

Mercados internacionais

Nos Estados Unidos, o mercado acionário terminou a semana em queda. O índice Dow Jones acumulou perdas de 2,19%, fechando a 8.635,42 pontos. O Nasdaq Composto depreciou 1,71%, em 1.509,31 pontos, enquanto o S&P 500 terminou a semana em desvalorização de 2,25%, aos 876,07 pontos.

Os principais mercados de ações da Europa também registraram perdas. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 5,57% na semana, fechando aos 4.049,37 pontos, enquanto o DAX-30, da Bolsa de Frankfurt, perdeu 6,17%, para 4.381,47 pontos, e o CAC 40, de Paris, teve desvalorização de 8,42%, aos 2.988,01 pontos. O SMI-20, de Zurique, caiu 4,91%, aos 5.530,84 pontos, e o Ibex-35, de Madri, caiu 4,71%, aos 8.491,20 pontos.

No mercado de petróleo, os contratos futuros fecharam a semana em forte queda. Em Nova York, o petróleo WTI com entrega para janeiro caiu 23,93% e fechou a semana cotado a US$ 41,76. No mesmo período, o petróleo Brent com vencimento em janeiro teve desvalorização de 25,52%, para US$ 40,59, no mercado de Londres.

Câmbio

A cotação do dólar à vista subiu 7,08% na semana, a R$ 2,479. O dólar futuro negociado na BM&FBOVESPA, com vencimento em dezembro, encerrou a semana aR$ 2,4460, alta de 4,82%. Segundo o boletim Focus, o mercado manteve a projeção de que os juros básicos fecharão 2008 em 13,75%. Contudo, a previsão para a Selic no final de 2009 subiu de 13,31% para 13,50%.

Juros

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), negociados na BM&FBOVESPA, encerraram o período projetando taxa de 13,32% para janeiro de 2010, queda em relação à taxa da sexta-feira passada, 14,45%. O contrato com vencimento em janeiro de 2009 fechou em 13,51%, alta em relação à taxa da semana passada, 13,50%. A taxa básica de juros está em 13,75% ao ano. Agenda da semana que vem: Brasil terá PIB e decisão do Copom Na segunda-feira não serão divulgados indicadores nos Estados Unidos. Já no Brasil o dia será cheio: saem o IGP-DI e a produção agrícola de novembro, além do IPC-S da primeira quadrissemana, a balança comercial e o boletim Focus da semana anterior, além da pesquisa de estoques do primeiro semestre e o segundo levantamento do prognóstico da safra agrícola.

Na terça-feira, começa, no Brasil, a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Além disso, saem o IPC da Fipe e o IPC-S Capitais da primeira semana do mês, além do esperado PIB do terceiro trimestre e o índice da construção civil de novembro. Nos Estados Unidos, saem as vendas pendentes de imóveis de novembro.

No dia seguinte, o Brasil terá a Pesquisa Industrial Mensal de emprego e salário e os estoques no atacado (ambos referentes a outubro), além do IGP-M do primeiro decêndio e a decisão do Copom sobre a taxa básica de juros. Nos Estados Unidos, saem os estoques no atacado em outubro, os estoques de petróleo da semana anterior e o orçamento do Tesouro de novembro.

Na quinta-feira, o Brasil terá o SPI, enquanto os Estados Unidos terão a balança comercial de outubro, os preços de exportados e importados de novembro e os pedidos de seguro-desemprego da semana anterior. No encerramento da semana, o Brasil não terá indicadores, enquanto os norte-americanos terão os estoques das empresas em outubro, o índice de preços ao produtor (PPI), seu núcleo e o índice de vendas no varejo de novembro, além da preliminar do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan.

Fonte: Agência Leia

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