Diferenças entre Brasil,
EUA e Europa.
23/10/2008
23 de Outubro de 2008
19h07
Bruno Villas Boas
Analistas vêem estatização
em comum, mas instrumentos são
diferentes
As medidas de socorro anunciadas
ontem pelo governo federal têm
semelhanças e diferenças
com os pacotes de resgate americano
e britânico ao setor financeiro,
segundo especialistas. Em comum, a
Medida Provisória (MP) 443,
uma resposta do governo Lula às
turbulências da crise internacional,
busca resgatar a liquidez do sistema
financeiro por meio de uma maior intervenção
do Estado na economia, com a estatização
parcial de empresas e posterior revenda
para a iniciativa privada.
Para os analistas, a principal diferença
são os instrumentos adotados
pelo governo brasileiro, que optou
por injetar recursos nas instituições
de forma indireta, via Banco do Brasil
(BB) e Caixa Econômica Federal
(CEF).
Os pacotes do presidente americano
George W. Bush e do primeiro-ministro
britânico Gordon Brown prevêem
investimento direto do Tesouro nas
instituições, o que
aceleraria a ajuda a essas empresas.
— O governo brasileiro segue
a linha adotada nos EUA e na Europa
para incentivar o mercado de crédito.
Ele está se autorizando a investir
mais e a atuar como intervencionista
no setor privado — avaliou Ricardo
Zeno, economista da AZ Investimentos.
O sócio-diretor da Tendências,
Nathan Blanche, reconhece as diversas
semelhanças, mas lembrou que
os pacotes de Bush e Brown têm
outra escala de atuação.
Nos EUA, o pacote soma US$ 700 bilhões.
Na Inglaterra, pode superar a casa
de US$ 1 trilhão. — Os
papéis não estão
virando pó aqui no Brasil,
não existem esqueletos. Comparando
as duas situações, aqui
seria uma tratamento de hospital.
Nos EUA e na Europa, tem gente na
funerária. Por isso, os pacotes
divergem também em escala.
Alexandre Póvoa, diretor da
Modal Asset, chamou atenção
para o fato de o governo brasileiro
ter agido por meio de uma medida provisória,
o que colocou o Congresso à
margem do processo. Nos Estados Unidos,
o pacote precisou passar pelo Senado
e pela Câmara dos Representantes
(Câmara dos Deputados). —
Quando as medidas foram anunciadas,
o medo era exatamente que houvesse
coisa em comum — afirma.
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