Ibovespa desacelera perdas
após duas interrupções
nos negócios
06/10/2008
06 de Outubro de 2008
18h44
Carolina Marcondes
São Paulo, 6 de outubro de
2008 - O pessimismo mundial registrado
em bolsas de valores em todo o mundo
fez com que a BM&FBOVESPA tivesse,
pela primeira vez desde 28 de outubro
de 1997, duas interrupções
nos negócios, ao registrar
desvalorizações superiores
a 10% e 15%. A primeira parada desta
segunda-feira foi de 30 minutos. A
segunda foi de uma hora. Entretanto,
durante a tarde houve uma desaceleração
das perdas, e o índice terminou
o dia em queda de 5,43%, a 42.100
pontos. O volume financeiro negociado
pela bolsa brasileira totalizou R$
5,270 bilhões.
Durante a manhã, o mercado
repercutiu de maneira negativa as
notícias vindas da Europa que
davam conta de que um grupo de instituições
financeiras alemãs envolvidas
em um plano de resgate do banco Hypo
Real Estate, liderado pelo governo,
decidiu abandonar o projeto e se recusar
a fornecer quase US$ 50 bilhões
(hoje o governo anunciou que chegou
a um acordo). Diante da percepção
de que a crise realmente chegou ao
velho continente, as bolsas européias
caíram com força. Em
Paris, o índice CAC-40 caiu
mais de 9%.
"O mercado está atuando
com um nível de stress muito
alto, e a queda no início do
dia foi exagerada", diz o sócio-diretor
da AZ Investimentos, Ricardo Zeno.
Para ele, pela manhã os investidores
observaram a deterioração
das condições econômicas
mundiais. "A percepção
de que haverá uma recessão
mundial derrubou o preço das
commodities", explica o economista,
que acredita que "o mercado não
está mais observando os fundamentos
das empresas, e está atuando
com a emoção e não
mais com a razão".
O diretor de renda variável
da BNP Asset Management, Jacopo Valentino,
afirmou também que muitos investidores
estrangeiros estão se desfazendo
dos seus ativos para que os recursos
voltem aos seus países de origem,
o que pode ser comprovado pela alta
do preço do dólar em
relação a outras moedas.
"É um fenômeno visto
em todo o mundo e é impossível
prever até quando ele irá
persistir", diz o diretor.
Durante todo o dia, todas as ações
listadas no Ibovespa operavam em baixa,
mas ao final dos negócios duas
delas terminaram o dia em alta. Enquanto
a Cyrela (CYRE3) cresceu 2,35%, a
R$ 17,40, a Transmissão Paulista
(TRPL4) cresceu 1,03%, a R$ 49,00.
No sentido oposto, onze das 66 ações
do índice terminaram o dia
com perdas superiores a 10%, sendo
que o maior recuo ficou por conta
da Rossi Residencial (RSID3), que
recuou 20,43%, a R$ 3,70, seguida
pela B2W, com perdas de 18%, a R$
30,98.
A Aracruz PNB (ARCZ6) terminou o
dia em queda de 15,46%, a R$ 4,10.
Na última sexta-feira, a Votorantim
Celulose e Papel (VCP) anunciou que
a conclusão da aquisição
das ações da Arapar
(empresa do grupo Lorentzen que controla
28% do capital da Aracruz), prevista
para esta segunda-feira, foi adiada
porque as etapas para fechamento da
operação ainda estão
em fase de implementação.
Também na sexta-feira, a Aracruz
Celulose informou que a consultoria
contratada para apurar as operações
com instrumentos financeiros derivativos
constatou perdas de R$ 1,95 bilhão,
utilizando a data-base de 30 de setembro.
As ações PN da VCP (VCPA4)
também terminaram o dia em
queda, mas bem menos agressiva que
a Aracruz: 1,04%, a R$ 22,75.
Também encerraram o dia em
forte queda as ações
do Banco Nossa Caixa (BNCA3), com
recuo de 14,24%, a R$ 31,90, e a Cesp
(CESP6), com desvalorização
de 13,83%, a R$ 12,58.
As ações com o maior
volume financeiro negociado foram
as preferenciais da Petrobras (PETR4),
com R$ 1,011 bilhão. As ações
terminaram o dia em queda de 3,22%,
a R$ 30,00. Durante o dia, a desvalorização
ultrapassou os 10%. Além disso,
as ações Vale PNA (VALE5),
que terminaram o dia com recuo de
6,80%, a R$ 26,99, movimentaram R$
831,742 milhões.
Mercados internacionais
O mercado de ações
norte-americano encerrou o pregão
com forte queda nos seus principais
índices. O Dow Jones caiu 3,58%,
aos 9.955,50 pontos, o menor nível
desde 16 de agosto de 2004. O Nasdaq
Composto recuou 4,33%, aos 1.862,96
pontos, enquanto o S&P 500 desvalorizou
3,85%, com 1.056,89 pontos.
No mercado de commodities, o preço
do barril de petróleo WTI com
entrega para novembro, negociado na
Bolsa de Nova York, registrava queda
de 4,98%, cotado a US$ 89,20, enquanto
em Londres o produto tipo Brent com
vencimento em novembro perdia 6,01%,
para US$ 84,82.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar
comercial fechou em alta de 7,42%,
cotado a R$ 2,1980 para venda, o maior
valor registrado desde 25 de setembro
de 2006. O dólar futuro para
novembro subiu 6,40%, a R$ 2,1920.
Juros
Os contratos de Depósito
Interfinanceiro (DI) com vencimento
em janeiro de 2010 encerraram o pregão
de hoje da BM&FBOVESPA em forte
alta, avançando de 14,49% para
14,82%. Já o DI para janeiro
de 2009 ficou estável em 14%
ao ano. A taxa Selic está em
13,75% ao ano.
Agenda de terça-feira
No Brasil, a FGV divulga, às
8h, o IGP-DI de setembro. O Termômetro
Leia, pesquisa da Agência Leia
com instituições financeiras
referente às expectativas para
os principais indicadores do País,
mostra que a mediana das projeções
do mercado para o Indice Geral de
Preços-Disponibilidade Interna
(IGP-DI), da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), aponta
para inflação de 0,30%
em setembro. Pelo conceito de mediana,
50% das projeções coletadas
estão abaixo de 0,30% e 50%,
acima. As expectativas dos economistas
consultados variam de 0,09% a 0,37%.
A média das projeções
aponta para inflação
de 0,24%. Além disso, o IBGE
divulga às, 9h, a Produção
Industrial Regional de agosto e o
Indice de Custo da Construção
Civil de setembro.
Nos Estados Unidos, às 9h55,
o LJR Redbook anuncia o resultado
de sua pesquisasemanal sobre as vendas
no varejo nos Estados Unidos e, às
16h, o Federal Reserve anuncia o crédito
ao consumidor em agosto.
O Fed divulga, às 15h, a
ata da última reunião
de política monetária,
quando o Comitê Federal de Mercado
Aberto (FOMC) decidiu manter a taxa
básica de juros em 2% ao ano,
em 16 de setembro; e o presidente
do Federal Reserve, Ben Bernanke,
discursa no encontro da National Association
for Business Economics, em Washington,
mas não há previsão
de horário.
Fonte: Agência Leia
voltar |