O Globo - Economia: AZ Investimentos
| Bolsas caem com novas dúvidas
sobre pacote
24/09/2008
24 de Setembro de 2008
14h12
Felipe Frisch
PRIMEIRO CADERNO
Bolsas caem com novas dúvidas
sobre pacote Expectativa agora é
pela aprovação do plano
nos EUA até sexta-feira. Dólar
sobe 2% e volta a R$ 1,831
RIO, NOVA YORK e LONDRES. As mesmas
explicações que serviram
para justificar a alta explosiva do
petróleo e a queda do dólar
na última segunda-feira, foram
os motivos para a queda da matéria-prima
e a forte recuperação
da moeda americana ontem. Nos dois
casos, a bolsas do mundo, e especialmente
a brasileira, caíram. O argumento,
tanto na segunda-feira quanto ontem,
eram as incertezas a respeito do efeito
e do formato do pacote do governo
americano para ajudar as instituições
financeiras em dificuldades.
As dúvidas permaneceram, mesmo
com a sabatina do presidente do Federal
Reserve (Fed, o banco central americano),
Ben Bernanke, e do secretário
do Tesouro do país, Henry Paulson,
no Senado. E aumentou a insegurança,
sobre o prazo para aprovação
das medidas: sexta-feira, quando o
Congresso dos EUA entra em recesso.
Com isso, a Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa) registrou queda de
3,78%, para 49.593 pontos, no seu
principal índice, o Ibovespa.
O dólar anulou a queda da segundafeira
e voltou à cotação
de sexta, R$ 1,831, com a alta de
2,18%.
— O BC americano aumenta seus
riscos adquirindo esses créditos
e o mercado revê as projeções
de lucro para as empresas com o risco
de desaquecimento global. Há
muitas incertezas de como será
o pacote — diz Ricardo Zeno,
sócio diretor AZ Investimentos.
Um dia após registrar a maior
alta da História, de 15,65%,
o preço do petróleo
leve americano recuou 2,52% ontem,
para US$ 106,61, enquanto investidores
aguardavam sinais de como a demanda
por energia vai se comportar diante
da desaceleração da
economia mundial e da incerteza do
plano de resgate financeiro americano.
O petróleo do tipo Brent, referência
na Bolsa de Londres, caiu US$ 2,96
(2,79%) para US$ 103,08. O ouro, cujo
preço havia saltado US$ 44,30
na véspera, recuou US$ 17,80
ou 1,95%, para US$ 891,20 a onça-troy
(31,1 gramas).
Preço dos imóveis cai
a nível de 2005 em julho nos
EUA Nesse cenário, as ações
preferenciais (PN, sem direito a voto)
da Petrobras, as de maior peso no
Ibovespa, caíram 4,73%. As
da Vale, segunda empresa mais importante
para o Ibovespa, despencaram, 5,44%.
Em Nova York, o índice Dow
Jones caiu 1,47% e o eletrônico
Nasdaq, 1,18%. Na Europa, a Bolsa
de Londres caiu 1,91%; a de Paris
recuou 1,98% e a de Frankfurt, 0,64%.
Na Ásia, Xangai caiu 1,56%
e Hong Kong liderou as baixas da região,
caindo 2,7%. Tóquio não
abriu devido a um feriado local.
Uma possibilidade levantada pelos
congressistas foi a de trocar dívida
por ações das empresas,
tornando o governo americano acionista,
ao menos temporário, das instituições
financeiras em dificuldades. Para
Álvaro Bandeira, economistachefe
da corretora Ágora, se esse
formato for incluído no pacote,
poderá dificultar a adesão
das próprias instituições
financeiras ao programa, cujos controladores
podem não querer perder o comando
das empresas.
— Isso não seria bom.
Bom seria colocar o crédito
na carteira e limpar do mercado definitivamente
— diz Bandeira.
Outra possibilidade aventada pelos
legisladores e confirmada pelos dirigentes
do Fed e do Tesouro foi a de outras
empresas entrarem comprando títulos
das instituições. Ou
seja, não seriam apenas o Fed
e o Tesouro os compradores dos papéis.
Mas, para André Segadilha,
ainda não foi esclarecido,
por exemplo, se serão várias
operações para totalizar
os US$ 700 bilhões, ou uma
só. Durante as cerca de quatro
horas de sabatina, o Ibovespa foi
acentuando a queda, até chegar
a uma variação negativa
de 4,48%, às 14h33min.
Considerado um importante indicador
da recuperação da economia
americana — quando voltar a
subir —, o preço dos
imóveis nos EUA teve queda
recorde de 5,3% em julho, em comparação
com os valores praticados há
um ano, e de 0,6% sobre junho. Os
preços recuaram para os níveis
de outubro de 2005, segundo informações
dadas ontem pela Agência Federal
de Financiamento Habitacional. Os
preços dos imóveis acompanham
a má qualidade do crédito
dado no setor, responsável
pela crise que abala Wall Street.
O setor prevê mais notícias
ruins hoje, quando a Associação
Nacional de Corretores de Imóveis
anunciará o volume de vendas
em agosto. James Lockhart, diretor
da agência, sugeriu que as empresas
de financiamento hipotecário
Fannie Mae e Freddie Mac aliviem regras
de empréstimos para ajudar
mutuários e reequilibrar o
setor.
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Fonte: O Globo
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