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Cautela externa e realização de lucros deixam Ibovespa em baixa
22/09/2008

22 de Setembro de 2008 14h12
André Inohara

São Paulo, 22 de setembro de 2008 - O Ibovespa, principal índice da BM&FBOVESPA, operava em queda nesta primeira etapa dos negócios, acompanhando o desempenho negativo das bolsas norte-americanas. Há pouco, o índice recuava 0,85%, aos 52.601 pontos. O volume financeiro negociado da BM&FBOVESPA chegava a R$ 2,229 bilhões. Para a sócia gestora da Global Equity, Patrícia Branco, a queda do Ibovespa só não é maior porque as ações da Petrobras, as mais representativas do índice, estão em alta.

Depois da forte valorização da sexta-feira, a Bolsa passa pelo movimento de realização de lucros. "Vimos a bolsa subir muito na sexta-feira (9,56%) e é natural os investidores realizarem lucro", disse o sócio diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno. Ele também cita que o mercado segue cauteloso e na expectativa sobre os detalhes do plano de ajuda do governo norte-americano ao sistema financeiro, costurado no fim de semana, que prevê ajuda financeira de US$ 700 bilhões às instituições em dificuldades. "Depois de anunciado o plano, o mercado aguarda como será a sua implantação. O governo dos EUA está assumindo um risco grande, pois ainda não se sabe, por exemplo, se os títulos podres serão resgatados pelo valor de face ou não", disse.

Neste fim de semana, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, pediu ao Congresso que aprove rapidamente o plano de ajuda ao sistema financeiro, com medidas contra a crise financeira, visando dar soluções para os ativos sem liquidez do mercado hipotecário. A proposta apresentada neste sábado prevê que o Tesouro poderia comprar até US$ 700 bilhões em títulos lastreados em hipotecas anteriores ao último dia 17, podendo ainda ficar com os papéis comprados pelo tempo que julgar necessário e tendo imunidade contra quaisquer ações legais.

Além disso, o Tesouro obteria permissão para contratar instituições financeiras privadas para conduzir o programa e também para criar novas entidades para realizar as operações de compra e de emissão dos papéis. O novo plano prevê ainda que o limite para o endividamento público seja elevado para US$ 11,3 trilhões. O valor da dívida hoje é de US$ 9,6 trilhões, com um limite estabelecido em US$ 10,6 trilhões.

Operando do lado negativo no Ibovespa, estavam os papéis ordinários da Lojas Renner (LREN3), que registravam queda de 7,95%, a R$ 24,76. De acordo com um analista que preferiu não se identificar, o mercado está na expectativa em relação aos detalhes de financiamento e endividamento da companhia em função da aquisição da Lojas Leader (rede de varejo que opera em Minas Gerais e na região Nordeste). "No dia 15 de outubro haverá uma assembléia geral de acionistas para a aprovação da compra da Leader. Até lá, a empresa ficou de anunciar mais detalhes sobre o financiamento da operação. O mercado aguarda as informações e dá certo peso negativo para os papéis da empresa, já que a operação afetará o endividamento da varejista", afirmou o especialista.

Em construção civil, as ações ordinárias da Gafisa (GFSA3) recuavam 5,37%, a R$ 24,13. Entre as ações de companhias aéreas, a maior queda era de Gol PN (GOLL4), caindo 5,16%, a R$ 14,15.

As ações que negociavam em alta vinham do setor de energia e siderurgia. Em energia, os papéis da Transmissão Paulista (TRPL4) subiam 3,67%, a R$ 47,40, enquanto os da Cemig (CMIG4) ganhavam 0,29%, a R$ 34,50. Na carteira de siderurgia, a alta era dos papéis Usiminas PNA (USIM5), que avançavam 1,36%, a R$ 47,64.

E os papéis da Petrobras (PETR4) apareciam entre os mais negociados do final da primeira etapa. O volume financeiro era de R$ 442,789 milhões, e os papéis subiam 0,94%, a R$ 35,31. A possibilidade de reabertura do programa que permitia o uso do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para compra de ações da Petrobras (PETR4), confirmada ontem pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pode levar os analistas a revisar as projeções de retorno da ação. "Marginalmente, essa notícia é negativa para a avaliação da Petrobras. O preço da venda do papel nessas condições pode mudar os cálculos de preço-alvo das corretoras, que estção, em média, acima de R$ 50,00 por ação preferencial (PETR4)", disse o analista de petróleo da Meta Asset, Daniel Arditti.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, confirmou ontem que o governo permitirá o uso de parte dos R$ 200 bilhões depositados atualmente nas contas vinculadas do FGTS no processo de ampliação do capital da Petrobras, conforme reportagem de hoje do jornal Valor Econômico. Os recursos serão usados para capitalizar as operações de exploração de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro.

E as ações da mineradora Vale (VALE5) também figuravam entre as mais negociadas, com volume de R$ 291,819 milhões e desvalorização de 2,06%, a R$ 36,08. Os papéis Usiminas PNA (USIM5) também estavam entre os mais procurados, ao girar R$ 135,883 milhões.

Mercados internacionais

Os principais índices acionários dos EUA operavam em baixa. O índice Dow Jones Industrial caía 1,65%, aos 11.198,80 pontos, o Nasdaq Composto recuava 2,01%, aos 2.228,19 pontos e o S&P 500 cedia 1,94%, aos 1.230,69 pontos.

As principais bolsas européias fecharam em baixa. O FTSE-100, da Bolsa de Londres, caiu 1,41%, a 5.236,30 pontos; o DAX-30, da Bolsa de Frankfurt, cedeu 1,32%, aos 6.107,75 pontos. O índice CAC-40, da Bolsa de Paris, perdeu 2,34%, aos 4.223,51 pontos. Em Zurique, o SMI-20 fechou em queda de 1,96%, aos 6.887,39 pontos; e o Ibex-35, da Bolsa de Madri, depreciou 1,98%, aos 11.328,50 pontos.

No mercado de commodities, o preço do barril de petróleo WTI com entrega para novembro, negociado na bolsa de Nova York, registrava alta de 4,89%, cotado a US$ 107,75, enquanto o produto tipo Brent com vencimento no mesmo mês avançava 4,90%, para US$ 104,57.

Câmbio

No mercado de câmbio, o dólar à vista caía 1,96%, a R$ 1,795. Já o dólar futuro, com vencimento em outubro, tinha desvalorização de 2,04%, cotado a R$ 1,795.

Segundo o boletim semanal Focus do BC, o mercado elevou as projeções para a taxa de câmbio ao fim de 2008 de R$ 1,65 por dólar para R$ 1,70. Para 2009, as instituições consultadas também elevaram a projeção, de R$ 1,75 por dólar para R$ 1,77.

Juros

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), negociados na BM&FBOVESPA, projetavam taxa de 14,76% para janeiro de 2010, queda sobre o último fechamento (14,83%), enquanto o contrato de janeiro de 2009 estava cotado em 14,03%, alta em relação ao fechamento de sexta-feira, 14,02%. A taxa Selic está em 13,75% ao ano.

De acordo com o boletim Focus, a projeção para a taxa Selic ao fim deste ano foi mantida em 14,75%. Já para 2009, o mercado revisou para cima a estimativa, de 13,75% para 13,79%. Para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro, o mercado mantém a xpectativa de elevação da taxa para 14,25%.

Fonte: Agência Leia

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