News - Briefing de Mercado

Para preservar o sono, saída pode ser deixar a Bovespa
16/09/2008

16 de Setembro de 2008 03h00
Mariana Segala - AE

Para analistas, quem não consegue agüentar a volatilidade partiu dos pressupostos errados ao aplicar na Bovespa ou, definitivamente, não tem perfil para investir em ações

A usual recomendação nos momentos críticos do mercado de ações leva em conta a sensatez do investidor. Embora muitas vezes a emoção possa tentá-lo a largar tudo, a melhor saída é manter a calma e evitar atitudes precipitadas. Mas, se os nervos não dão trégua, talvez seja hora de você rever estes conceitos. ``É melhor vender com prejuízo e garantir o sono``, sugere o sócio da AZ Investimentos, Ricardo Zeno. Mais: se você não consegue lidar com a volatilidade, é possível que não tenha nascido para a Bolsa.

Veja também
Para quem não quer ficar na Bolsa, ouça entrevista com especialista sobre onde aplicar

``Cinco anos seguidos de alta atraíram para a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) gente sem tempo, paciência ou estômago para ações``, diz Luiz Medina, sócio da M2 Investimentos. ``Muitas pessoas que não poderiam ou não deveriam acabaram entrando no mercado de ações. São elas que agora estão desesperadas, sem saber o que fazer.``

Os efeitos da crise do sistema financeiro dos Estados Unidos vêm testando a aptidão dos compradores de ações nos últimos meses - e, com destaque, nos últimos dias. Dos 11 pregões de setembro, sete foram de (muita) queda. Ontem, o pânico se instalou com o anúncio de concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos EUA. Em meio ao clima de hecatombe, a Bovespa recuou 7,59%.

``Quem agora está se perguntando `por que fui entrar na Bolsa?? não conhece o jogo e foi induzido, por um erro próprio, a acreditar que tudo se recuperaria``, diz o sócio da Tag Investimentos, Marcelo Pereira. Para evitar o remorso, o investidor precisa tomar uma decisão, e rápido. ``O ideal é manter as ações``, diz. ``Mas se resolver deixar a Bovespa, o aplicador deve sair de uma vez. Não tem meio termo.``

Medina concorda, e vai além: ``Se o investidor está desconfortável, faz sentido vender as ações. Saia da Bovespa, mas para mudar de aplicação, e não para voltar quando o mercado melhorar``, afirma. Quando tal premissa não está clara, cresce o risco de só conseguir comprar papéis na alta para vendê-los, com prejuízo, na baixa. ``Por mais estranho que pareça, o momento é de comprar, e não de se desfazer das ações``, diz.

Saída a conta-gotas

Para outros analistas, há alternativas para diminuir o impacto de uma saída brusca. Nada garante que vender ações aos poucos reduzirá os prejuízos `` esperar demais pode até agravá-los. Mas uma opção é começar pelos papéis mais líquidos, ou seja, mais facilmente vendidos. É o caso dos chamados ``blue chips``, como Petrobras e Vale. ``A chance de o investidor derrubar o preço das próprias ações em busca de um comprador é menor``, diz o sócio da Verax Serviços Financeiros, Marcelo Xandó. A sugestão, reforça, é só para os casos extremos. ``Manter o sangue-frio ainda é o melhor.``

Outra alternativa é começar a ``juntar os cacos`` pelas ações que ainda estiverem no azul ou, no mínimo, menos no vermelho. ``O investidor pode manter as ações em que o recuo foi mais forte e vender aquelas em que o prejuízo estiver menor``, aconselha Xandó.

Fonte: AE Investimentos - Agência Estado

voltar

 
 
© 2009 AZ Investimentos - all rights reserved | desenvolvido por Client By