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Juros x inflação: saiba qual título do Tesouro Direto vale o investimento
07/08/2008

04 de Agosto de 2008 03h00
Yolanda Fordelone

Rentabilidade dos títulos indexados à inflação deve ser maior apenas no curtíssimo prazo. Acima de seis meses de investimento, prefira os títulos pós-fixados

Já é consenso entre os analistas o fato de que o Banco Central brasileiro deve continuar a elevar a taxa básica de juro (Selic) na próxima reunião, em setembro. A perspectiva para a inflação também é de alta no curto prazo. Em tempos de aumento dos dois indicadores, surge a dúvida sobre qual título do Tesouro Direto vale a pena investir, aqueles atrelados aos juros ou os indexados à inflação?

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Os títulos que acompanham a inflação (Notas do Tesouro Nacional série B ou NTN-B) têm uma rentabilidade mais atraente no curtíssimo prazo, justificada pela escalada dos preços. Mas, para a maioria dos especialistas, os papéis que acompanham o juro (Letra Financeira do Tesouro ou LFT) são mais recomendados, por serem menos arriscados. “Se o investimento for para o longo prazo, acima de seis meses, é melhor os títulos atrelados aos juros”, avalia o sócio da consultoria AZ Investimentos, Ricardo Artur Ciocca Zeno.

O economista Francisco Cintra, da corretora Renascença, também concorda. “A política do governo sempre foi o de combate à inflação. Por isso, fica mais arriscado apostar na alta dessa variável”, diz. Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a tendência de alta do juro para combater a inflação foi reforçada, com o Banco Central afirmando que já em 2009 o objetivo do governo é manter o IPCA no centro da meta, de 4,5% ao ano.

“Os títulos indexados à inflação são mais arriscados porque dependem de duas variáveis”, explica o operador da corretora Renascença, Ivan Carlos Silva. “O juro em alta torna menos interessante a taxa prefixada presente na composição do título e, ao mesmo tempo, pressiona o avanço dos preços, diminuindo o índice de inflação”, completa.

Os interessados em adquirir títulos indexados à inflação devem ficar atentos ao fato de que, das 9h do dia 12 de agosto às 5h do dia 15 de agosto, os negócios com NTN-B estarão suspensos no Tesouro Direto. Segundo o governo, nesses dias os preços desses títulos ficarão um pouco distorcidos e, para que o pequeno investidor não saia perdendo, não haverá recompra de papéis nem vendas.

Retorno proporcional ao período da aplicação

Caso o investidor opte pela NTN-B para lucrar no curtíssimo prazo, deve ficar atento ao retorno. Isso porque o vencimento mais próximo desse título é em 2010, ou seja, somente se o investidor ficar com o papel até lá receberá 9% mais IPCA, índice de preços utilizado pelo governo como referência. Caso contrário, se vender antes, o retorno será proporcional ao período. O mesmo vale para as LFTs, que rende em torno da variação da Selic, somente para quem deixar o dinheiro aplicado até 2012. Mas, no caso da LFT, como a maioria dos especialistas sugere a aplicação para prazos mais longos, o investidor conseguiria obter o retorno total.

Para quem ainda ficou na dúvida entre um título e outro, uma opção é o investidor mesclar a carteira de investimentos em renda fixa com títulos pós-fixados e atrelados à inflação. “Para quem faz questão de manter uma parcela atrelada à inflação, sugiro 80% da carteira concentrada em investimentos que acompanham a Selic, sejam eles títulos pós-fixados ou fundos DI, e 20% em inflação", recomenda Zeno, da AZ Investimentos. O consultor financeiro Antenor Ramos Leão, da corretora Coinvalores, defende que os títulos indexados à inflação têm a vantagem da garantia de ganho acima da variação de preços. “Com a inflação em alta ou em baixa, o investidor não precisa ficar migrando entre títulos prefixados e pós-fixados. Ele tem a garantia de ganho real do juro prefixado, de atualmente, 9%”, diz.

Fonte: Agência Estado de São Paulo

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