News - Briefing de Mercado

Bovespa amarga mês de prejuízo e fica na lanterna das rentabilidades
01/08/2008

01 de Agosto de 2008 03h00
Mariana Segala

Bolsa acumulou perdas de 8,48% em julho com instabilidade da economia norte-americana. Títulos indexados ao IGP-M voltaram a ser o investimento mais rentável, beneficiados pela alta dos preços

As altas de 2,06% e 3,37% registradas na terça e na quarta-feira não foram suficientes para tirar o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, da lanterna no ranking dos principais investimentos em julho. No período, o mercado acionário paulista registrou perda de 8,48%, influenciado basicamente pelos temores quanto ao desempenho do sistema financeiro norte-americano. Com o resultado, a Bolsa recua 6,86% neste ano.

“O momento é de aversão ao risco”, explica o sócio da consultoria AZ Investimentos Ricardo Zeno. “Há muita fuga de capital da Bovespa.” Com o cenário negativo no exterior, os investidores estrangeiros – que representam uma parcela importante dos recursos aplicados na Bolsa – procuram fazer dinheiro vendendo as ações que detêm em mercados emergentes como o brasileiro, pressionando os preços dos papéis. “Isso joga a Bovespa para baixo”, afirma Zeno.

O problema é reforçado porque ações muito líquidas (negociadas com facilidade), como as da Vale e da Petrobras, têm peso grande na composição do Ibovespa. Juntos, os papéis das duas empresas representam mais de 30% dos incluídos no índice. “Enquanto o mercado financeiro dos EUA continuar a apresentar prejuízos, e a economia do país seguir desacelerando, certamente os estrangeiros sairão”, afirma Zeno. “A Bolsa brasileira tem se valorizado desde 2003. O investidor aproveita e embolsa esse ganho.”

Os resultados negativos, embora assustem os pequenos investidores, podem significar um bom momento para comprar ações. “Talvez agora surjam oportunidades”, diz Rogério Betti, sócio da consultoria Beta Advisors. “Para quem adquiriu papéis da Vale por R$ 59 achando o preço barato para uma boa empresa, tê-los agora a R$ 41 é muito melhor”, afirma.

* Confira as ações que viraram “pechincha” após a queda da Bolsa

* Saiba o que considerar ao escolher uma corretora

Alta dos preços beneficia títulos indexados a índices de inflação

Veja também: AE TV: Saiba como investir em título público

No extremo oposto da Bolsa, os títulos indexados ao Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) – que pagam ao investidor uma taxa de juros prefixada mais a variação do indicador – lideraram o ranking dos investimentos, apresentando rendimento bruto de até 2,45% em julho, dependendo do prazo de vencimento. O índice, usado na correção da maior parte dos contratos de aluguel, fechou o mês em 1,76%, recuando em relação ao 1,98% de junho.

Os papéis vinculados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também registraram desempenho positivo, rendendo até 1,40% no mês. Com o resultado de julho, os títulos de IGP-M e IPCA se consolidaram como os investimentos mais vantajosos também neste ano, com rentabilidades acumuladas de 13% e 9,11% desde janeiro, respectivamente.

Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, a alta da inflação torna as aplicações vinculadas a índices de preços interessantes para diversificação. “Os resultados foram muito acima dos fundos DI e de renda fixa”, afirma. Os fundos de renda fixa renderam até 1,25% no último mês, dependendo da taxa de administração, e os DI obtiveram retorno de até 1,15%.

Já para Betti, da Beta Advisors, este pode não ser o melhor momento para investir nos títulos indexados à inflação. “A taxa de juros oferecida está muito baixa”, afirma. Mas ele reforça que a aplicação é interessante para garantir um ganho real (acima da inflação) ao investidor. “Hoje, sugeriria uma carteira de títulos composta por 50% de papéis pós-fixados, 25% prefixados e outros 25% de papéis vinculados à inflação.”

Já as cadernetas de poupança com aniversário hoje rendem 0,69% e têm retorno acumulado no ano de 4,22% - menor que o IGP-M de 2008, de 8,70%, e até que as estimativas para o IPCA, de 4,25%.

As aplicações em ouro se desvalorizaram 1,06% em julho. As moedas também registraram perdas: o euro caiu 3,12% e o dólar, 2,19%. “O dólar continua pressionado e com viés de queda”, afirma Zeno, da AZ. A principal razão é o tamanho da Selic, os juros básicos da economia brasileira, que estão em 13% ao ano. A taxa elevada atrai investidores estrangeiros, que trazem dólares para cá. “O capital estrangeiro sai da Bolsa, mas não do País. Vai para aplicações a juros”, diz. “Não vemos nenhum indicativo de que o real se deprecie. Por isso, desencorajamos aplicações em dólar para as pessoas físicas.”

Fonte: Agência Estado de São Paulo

voltar

 
 
© 2009 AZ Investimentos - all rights reserved | desenvolvido por Client By