Perspectiva: Agência
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15/07/2008
14 de Julho de 2008 19h18
Carolina Marcondes
PERSPECTIVA: Volta de investidores
estrangeiros garante alta do Ibovespa
São Paulo, 14 de julho de 2008
- O Ibovespa, principal índice
da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), encerrou o pregão
desta segunda-feira em alta de 0,95%,
a 60.720 pontos. O volume financeiro
negociado pela bolsa brasileira foi
de R$ 4,305 milhões. A tendência
de alta foi mantida durante todo o
período de negócios
- mais uma vez, o índice chegou
a operar acima dos 61 mil pontos.
O sócio-diretor da AZ
Investimentos Ricardo Zeno acredita que o mercado brasileiro
chegou em um nível "crítico"
de saída de investidores estrangeiros.
"Agora, existe um espaço
limitado para mais quedas, o que nos
dá, pelo menos no curto prazo,
uma tendência de alta",
acredita. Para ele, haverá
uma volta gradual dos investidores
estrangeiros ao país, e as
altas registradas pela Petrobras e
pela Vale hoje mostram isso.
Já o estrategista-chefe do
Crédit Agricole, Vladimir Caramaschi,
acredita que houve hoje uma "busca
por pechinchas", visto que as
maiores altas do dia foram de empresas
que estão registrando sucessivas
quedas, como Rossi Residencial e Lojas
Renner, por exemplo. "Se olharmos
lá fora, o dia foi muito ruim,
já que havia uma aposta muito
grande de que as medidas anunciadas
dariam resultado", diz, referindo-se
às medidas que o Tesouro dos
Estados Unidos e o banco central do
país, o Federal Reserve (Fed),
anunciaram para auxiliar as financiadoras,
que incluem desde empréstimos
até a compra de ações
das duas principais companhias do
setor de hipotecas do país,
a Fannie Mae e a Freddie Mac. "Mas
isso não ocorreu, o que cria
um clima negativo para o restante
da semana", acrescenta Caramaschi.
Assim, se o Brasil não acompanhou
o pessimismo norte-americano nesta
segunda-feira, é provável
que isso ocorra nos próximos
dias.
Nenhum indicador foi divulgado hoje
nos Estados Unidos. No Brasil, o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior informou
que a
balança comercial registrou
superávit de US$ 1,255 bilhão
na segunda semana de julho, entre
os dias 7 e 13 (cinco dias úteis),
o segundo melhor resultado semanal
do ano. O saldo é deve-se às
exportações de US$ 4,295
bilhões e importações
de US$ 3,070 bilhões no período.
Com o resultado da terceira semana,o
superávit está acumulado
em US$ 1,530 bilhões em julho.
No mês, as exportações
somam US$ 7,482 bilhões e as
importações, US$ 5,952
bilhões. Pela média
diária, as exportações
cresceram 29,5% ante o mesmo período
do ano passado. As importações,
por sua vez, aumentaram 35%.
No acumulado do ano, a balança
comercial brasileira tem saldo positivo
de US$ 12,880 bilhões, com
US$ 98,127 bilhões em vendas
ao exterior e US$ 85,247 bilhões
em compras. O superávit do
ano é 41,3% menor que o de
igual período em 2007, pela
média diária. Na mesma
base de comparação,
as exportações mostraram
avanço de 25,2% e as importações
cresceram 51,2%.
No cenário corporativo, destaque
para a Ambev (AMBV4), que, com alta
de 4,87%, a R$ 99,00, teve a maior
valorização entre as
empresas listadas no Ibovespa. A cervejaria
norte-americana Anheuser-Busch aceitou
a proposta da cervejaria belgo-brasileira
InBev, controladora da Ambev, feita
na última sexta (11), e foi
comprada por US$ 70 por ação,
totalizando o valor de US$ 52 bilhões.Segundo
comunicado no site da Anheuser-Busch,
a empresa combinada será a
maior cervejaria do mundo, se chamará
"Anheuser-Busch InBev" e
terá como diretor-executivo
o CEO da InBev, Carlos Brito. Em um
resultado pró-forma com base
nos resultados das companhias em 2007,
a nova empresa deverá gerar
um volume de 460 milhões de
hectolitros de cerveja, receita de
US$ 36,4 bilhões, Ebitda (capacidade
de geração de caixa)
de US$ 10,7 bilhões e sinergias
de pelo menos US$ 1,5 bilhão
anuais, previsto para 2011.
Também encerraram o dia em
alta as ações da Petrobras.
Enquanto as ordinárias (PETR3)
subiram 0,08%, a R$ 49,50, as preferenciais
(PETR4) avançaram0,66%, a R$
40,87. A estatal informou hoje que
a greve dos petroleiros deflagrada
hoje na bacia de Campos reduziu em
7% a produção da companhia.
Em nota, a estatal diz que acionou
seu Plano de Contingência e
que, de um total de 38 plataformas
de produção na bacia,
somente duas ainda estão totalmente
paralisadas. Com isso, a redução
total da produção ao
meio dia de hoje alcançava136
mil barris por dia (cerca de 7% da
produção no Brasil).
A Petrobras ressaltou que essa queda
não afeta o fornecimento de
combustíveis para o consumidor.
As plataformas de perfuração
operam normalmente.
As ações da Vale também
tiveram um dia de ganhos. As ações
ordinárias (VALE3) subiram
1,65%, a R$ 51,00, as PNAs (VALE5)
ganharam 1,97%, a R$ 43,80. Os investidores
interessados em participar da emissão
global de ações da mineradorapodem
fazer suas inscrições
até amanhã. Na quarta-feira
será definido o preço
por ação. O valor será
determinado após a conclusão
do procedimento de coleta deintenções
de investimento junto a investidores
institucionais , tendo como parâmetro
a cotação das ações
na Bolsa de Valores de São
Paulo e das Americans Depositary Shares
(ADSs) negociadas na Bolsa de Nova
York e a demanda dos acionistas. A
Vale pretende levantar US$ 14 bilhões
com a emissão.
As ações da Rossi
Residencial (RSID3) subiram 4,49%,
a R$ 11,38, enquanto as da Lojas Renner
(LREN3) avançaram 4,21%, a
R$ 29,70.
No sentido oposto, a maior queda
do dia ficou por conta da Vivo (VIVO4),
com perdas de 7,48%, a R$ 9,15. Foi
o terceiro dia consecutivo de perdas
do papéis, que no mês
- até sexta-feira - têm
perdas de 3,89%. Para o gerente de
análise da Modal Asset Management
Eduardo Roche, os números da
operadora no segundo trimestre podem
apresentar pressão das margens,
"mas nada que vá surpreender
fortemente o mercado". "Numa
janela de 12 meses, espera-se crescimento
das margens, o que de certa forma
é positivo", observou.
Os resultados da Vivo serão
divulgados no dia 30 de julho, antes
da abertura do mercado. Analistas
também destacam que a maior
parte da pressão vendedora
dos papéis vem do banco de
investimentos norte-americano Morgan
Stanley. Até as 16h20, a instituição
já havia vendido 993.500 papéis,
totalizando R$ 9,451 milhões.
"Esse fato não a tem a
ver com fundamento, trata-se de uma
decisão do gestor. Temos de
observar como o preço da ação
se acomodará nos próximos
dias", afirmou um analista do
mercado.
Também terminaram o dia em
queda as ações da Gol
(GOLL4), que recuaram 5,13% a R$ 12,92,
enquanto a TAM (TAMM4) fez o caminho
inverso e subiu 2,28%, a R$ 27,33.
Segundo Kelly Trentin, analista de
mercado da SLW Corretora, a perspectiva
de que a TAM apresente resultados
positivos no segundo trimestre está
motivando a valorização
dos papéis, e fazendo com que
a Gol - que apresentou perspectivas
muito negativas para o segundo trimestre
- fique para trás. "Os
números [da TAM] serão
melhores tanto em relação
ao primeiro trimestre como em relação
ao mesmo período do ano passado",
diz a analista, acrescentando que
deverá haver uma recuperação
na margem operacional. "Mas o
cenário ainda não é
positivo, com a alta dos juros e do
preço do petróleo, que
comprimem as margens", observa
Kelly.
Já a Aracruz (ARCZ6), que
chegou a subir hoje, terminou o dia
em queda de 0,89%, a R$ 11,05. Na
manhã de hoje, a empresa anunciou
ao mercado que concluiu estudos preliminares
que indicam a viabilidade de instalação
futura de uma nova unidade na região
de Governador Valadares (MG). Segundo
fato relevante, o iníciodas
operações pode ocorrer
até 2015, com capacidade de
produção de 1,4 milhão
de toneladas de celulose por ano.
Apesar de a empresa falar em possibilidade,
a prefeitura do município mineiro
garantiu que a fábrica será
realmente instalada no local.
Os investimentos potenciais no novo
projeto são da ordem de US$
2,4 bilhões e incluem compra
de terras, formação
de florestas e investimento industrial.
No último dia 7, quando a Aracruz
divulgou seus resultados referentes
ao segundo trimestre, o diretor financeiro
e de relações com investidores,
Isac Zagury, afirmou à Agência
Leia que o anúncio seria feito
ainda no terceiro trimestre. Entretanto,
o executivo havia dito que a produção
seria de 1,3 milhão de toneladas
por ano. Sem dizer o local exato,
ele apenas adiantou que a nova unidade
estaria localizada na região
Sudeste. Além disso, os estudos
indicam ainda que a região
apresenta condições
favoráveis para acolher duas
fábricas adicionais, cada uma
com capacidade de produção
equivalente à da primeira.
Assim, a Aracruz está iniciando
medidas para a ampliação
da base florestal na região,
além da obtenção
de licenças ambientais.
E em um único dia a Embraer
(EMBR3) anunciou ao mercado a venda
de 22 jatos.A National Air Services
Aviation (NAS), da Arábia Saudita,
confirmou opçãode cinco
jatos Embraer 190. O valor do contrato
total, firmado em novembro de 2007
no Dubai Air Show, que incluía
cinco pedidos firmes, além
das cinco opções,é
deUS$ 187,5 milhões. Além
disso, a companhia possui direito
de compra para mais 12 aeronaves do
mesmo modelo. O contrato também
está incluído na carteira
de pedidos firmes do segundo semestre
deste ano. O inicio das entregas dos
jatos Embraer 190 para a NAS está
previsto para 2010. Logo depois, a
Embraer informouque firmou contrato
com a companhia aérea mexicana
Aeromexico para a venda de 12Embraer
190, que deverão ser incorporadas
à frota da subsidiária
Aeromexico Connect. A operação,
que não teve o valor isolado
divulgado, também já
está incluída na carteira
de pedidos firmes do segundo semestre
da companhia brasileira. No final
da manhã, a empresa divulgou
acordo com a Niki Luftfhart GmbH,
da Áustria, para a venda de
cinco Embraer 190, com direito de
compra para mais cinco aeronaves do
mesmo modelo ou Embraer 195, no valor
total de US$ 187,5milhões.
Se todas as opções de
compra forem exercidas, o valor da
transação pode dobrar.
Segundo a Embraer, a entrega das aeronaves
está prevista para o primeiro
semestre de 2009. Mesmo com as boas
notícias, as ações
da Embraer, que caíram quase
50% em 12 meses, recuaram 2,58%, a
R$ 10,56.
As ações com o maior
volume financeiro negociado foram
as preferenciais da Petrobras, com
R$ 535,742 milhões, seguidas
de muito perto pelas PNAs da Vale,
com R$ 535,176 milhões. Já
as ações da CSN (CSNA3),
que subiram 0,22%, a R$ 63,53, movimentaram
R$ 258,037 milhões.
Mercados internacionais
O mercado de ações
norte-americano encerrou o primeiro
pregão da semana comqueda nos
seus principais índices. O
índice Dow Jones caiu 0,41%,
aos 11.055,19pontos. O Nasdaq Composto
recuou 1,17%, aos 2.212,87 pontos,
e o S&P 500 desvalorizou 0,90%
com 1.228,30 pontos.
No mercado de commodities, o preço
do barril de petróleo WTI com
entrega para agosto, negociado na
Bolsa de Nova York, registrava alta
de 0,06%, cotado aUS$ 145,18, enquanto
o produto tipo Brent com vencimento
em agosto, negociado em Londres, caía
0,35%, para US$ 143,97.
Câmbio
No mercado de câmbio, o dólar
à vista recuou 0,49%, a R$
1,593. Já o dólar futuro,
com vencimento em agosto, teve desvalorização
de 0,27%, cotado a R$ 1,6004. No final
da manhã, o BC realizou leilão
de compra de dólares, cuja
taxa de corte foi de R$ 1,5974.
O boletim Focus, levantamento semanal
feito pelo Banco Central junto a 100
instituições financeiras
com as previsões para os principais
indicadores do país, mostrou
que o mercado manteve a projeção
para a taxa de câmbio em 2008
em R$ 1,65 por dólar - e também
manteve em R$ 1,75 por dólar
a estimativa para o próximo
ano.
Juros
Os contratos de Depósito
Interfinanceiro (DI), negociados na
BM&F, projetaram taxa de 15,13%
para janeiro de 2010, apreciação
sobre o último
fechamento, 15,13%, enquanto o contrato
de janeiro de 2009 subiu de 13,39%
para 13,42%. A taxa Selic está
em 12,25% ao ano.
Segundo o Focus, o mercado elevou
a estimativa de inflação
medida pelo Indice Nacio nal de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses
de 5,32% para 5,33%, pela nona semana
consecutiva. Para 2008, o mercado
elevou pela 16 semana seguida a projeção
de IPCA, de 6,40% para 6,48%, próximo
ao teto da meta estabelecida pelo
Conselho Monetário Nacional
(6,5%). Para 2009, os analistas também
elevaram a estimativa, de 4,91% para
5,00%.
De acordo com a publicação,
foi mantida a expectativa para a Selic
no fim deste ano, em 14,25%, e também
para 2009, em 13,5%. A estimativa
para a próxima reunião
do Comitê de Política
Monetária (Copom) foi mantida
em 12,75%, pela décima semana
seguida.
Agenda de terça-feira
No Brasil, a Federação
das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp) e o Centro
das Indústrias do Estado (Ciesp)
divulgam às 11h a pesquisa
sobre o nívelde emprego no
setor em junho. Às 9h, o IBGE
divulga a Pesquisa Mensal do Comércio
(PMC) referente a maio.
O mercado prevê que as vendas
no comércio varejista brasileiro
tenham crescido 10,10% em maio na
comparação com o mesmo
mês do ano passado, segundo
a mediana das projeções
do Termômetro Leia, pesquisa
feita junto a instituições
financeiras com as previsões
para os principais indicadores do
país. Pelo conceito de mediana,
50% das previsões estão
acima de 10,10% e 50%, abaixo. As
expectativas dos economistas consultados
variam entre 7,50% e 10,60%. A média
das projeções aponta
para aumento de 9,43% nas vendas do
setor varejista no mês de maio.
Confirmadas as previsões, as
vendas no varejo terão acelerado
o ritmo de crescimento em maio, já
que a expansão em abril foi
de 8,70%.
Nos Estados Unidos, o Departamento
do Trabalho anuncia às 9h30
o Indice de Preços ao Produtor
(PPI, na sigla em inglês) em
junho, enquanto no mesmo horárioo
Federal Reserve Bank de Nova York
informa o índice de condições
econômicas doEstado de NY em
julho e o Departamento do Comércio
divulga o resultado das vendas no
varejo no mês passado.
Pouco depois, às 9h55, o
LJR Redbook anuncia o resultado de
sua pesquisa semanal sobre as vendas
no varejo nos Estados Unidos. Às
11h, o Departamento do Comércio
norte-americano informa os estoques
de empresas em maio.
Fonte: Agência Leia
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