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Rumo da política monetária nacional deve ter pouca ou nenhuma influência na bolsa
19/07/2011

19 de Julho de 2011 13h20

Um novo aumento de 0,25 ponto percentual na Selic (taxa básica de juro) na próxima quarta-feira (20) é, praticamente, garantido. E como, tradicionalmente acontece, o mercado se antecipou, migrando da instabilidade do mercado de ações para o porto seguro da renda fixa.

"O movimento de fuga do investidor está mais relacionado com a expectativa do que com o fato propriamente dito", confirma o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, citando que a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) não deve impactar no desempenho da Bovespa, uma vez que está bem precificada pelas ações.

Até aí, nada de novo. Mas será que o tamanho do ciclo de aperto monetário e a maneira como o Banco Central (BC) vai continuar conduzindo o controle da inflação daqui para frente podem abrir oportunidades ou criar alertas no mercado de ações? A maioria dos analistas ouvidos pelo portal Infomoney são taxativos ao afirmar que não.

Na visão do estrategista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, o driver do momento no mercado acionário é a aversão ao risco motivada pela situação fiscal na zona do euro e o impasse político sobre o limite da dívida norte-americana, o que dá pouco valor aos movimentos internos na tomada de decisões na hora de investir.

"O mercado está refletindo mais os fatores externos do que os internos, o que vem penalizando os negócios aqui dentro, considerando a situação na Europa e nos EUA", concorda o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno.

Confiança no BC
Os analistas consideram que, se no início do ano, existiam dúvidas sobre a capacidade do BC em controlar a inflação; atualmente, o mercado está confiante sobre a resposta da autoridade monetária ao problema, assim como sobre os resultados das medidas adotadas. "Eu diria até, que a inflação é uma preocupação do passado", opina Moreno.

Um fator inesperado, segundo Adriano Moreno, seria a manutenção da taxa de juros na reunião desta semana. "Isso acabaria sendo marginalmente negativo, porque suscitaria dúvidas em relação ao BC. O mercado poderia entender isso como uma postura frouxa do Copom", afirma.

Tamanho do ciclo
A decisão de fechar o ciclo de aperto monetário com a Selic em 12,50% em 2011 ainda é predominante entre os analistas, mas já há quem espere pelo menos mais um aumento de 0,25 p.p. em agosto ou, até mesmo, uma terceira alta igual em outubro.

De acordo com os analistas, seja qual for a duração do ciclo, ela deve ter pouca ou nenhuma influência sobre a bolsa nacional, porque os investidores já vem contando com esses cenários alternativos.

Para Ricardo Zeno, o BC "já possui argumentos suficientes" para encerrar o aperto com um último aumento de 0,25 p.p. nesse encontro. A opinião é compartilhada pelo economista da Gradual Investimentos, André Perfeito. "Eu não descarto a possibilidade de que o ciclo monetário termine agora. O governo tem sinalizado que o aperto via compulsório tem sido eficiente", avalia.

Comunicado e ata
André Perfeito acredita que o primeiro comunicado do Copom após a reunião não dê sinais claros sobre os próximos passos em relação a política monetária do País. "O BC deve deixar o mercado em stand by para ler a ata", estima.

Ações
Ações de empresas ligadas ao consumo doméstico e de construção civil, normalmente, são as que mais sofrem num contexto de pressão inflacionária e de juro alto. No entanto, Ricardo Zeno avalia que o setor de varejo, especificamente, vem sofrendo mais por conta da conjuntura global do que pelos receios com a economia interna.

Adriano Moreno considera que os papéis de companhias desses setores estavam com "excesso de gordura" na bolsa de valores, o que explica a realização recente. "Não é bem a expectativa com o juro que tem pressionado", reforça.

Outro lado
Contrapondo a opinião dos demais especialistas, o estrategista-chefe da corretora CM Capital Markets, Luciano Rostagno, avalia que a indicação do fim do aperto monetário nessa reunião poderia sim abrir espaço para uma recuperação de ações dos setores de construção e consumo.

"A ausência do termo 'suficientemente prolongado' no primeiro comunicado do Copom pode ser um indicativo de mais uma alta de 0,25 p.p. em agosto ou até mesmo de que o BC não vai mais subir o juro", explica. "Isso pode mostrar que o fim do ciclo está mais próximo do que o previsto, impulsionando alguns papéis", diz.

De acordo com Rostagno, o movimento contrário, pode prejudicar ainda mais esses papéis, mas, por outro lado, pode criar oportunidades em setores defensivos como telecomunicações e energia. "A manutenção do termo pode gerar especulações para aumentos nos encontros de agosto e outubro", destaca.

Fonte: InfoMoney

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