News - Briefing de Mercado

China e discurso de Bernanke impulsionam Ibovespa
14/07/2011

13 de Julho de 2011 19h20
Lucas Bombana

Após seis quedas seguidas, o Ibovespa inverteu a tendência, acompanhando o bom humor que tomou conta de todos os mercados, por conta de dados robustos da China e do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, no qual cogitou a possibilidade de promover novas medidas de estímulo à economia norte-americana. Com isso, o principal índice da BM&FBOVESPA encerrou os negócios de hoje com valorização de 1,62%, aos 60.669 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,776 bilhões.
 
"Os dados da China ajudaram bastante o mercado", afirma João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos. O escritório nacional de estatísticas da China informou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 9,5% no segundo trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre do ano, o PIB chinês subiu 2,2%. Já a produção industrial chinesa aumentou 15,1% em junho deste ano na comparação com o mesmo mês de 2010 e avançou 1,48% em relação a maio.
 
"Além disso, o discurso de Bernanke, com a possibilidade de novos estímulos, melhorou ainda mais o mercado", comenta Brugger. O presidente do Fed afirmou hoje que não descarta uma nova rodada de compra de títulos, caso o atual enfraquecimento econômico se prove persistente e os riscos deflacionários voltem a aparecer.
 
Pouco depois do discurso do presidente do Fed, a agência de classificação de riscos Fitch rebaixou os ratings dos títulos do longo prazo do governo da Grécia em moeda local e estrangeira de "B+" para "CCC". De acordo com a agência, o rebaixamento é decorrente da ausência de um novo programa de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE) para a Grécia e as incertezas envolvendo o papel dos credores privados em programas de financiamento futuros. "A situação da Grécia já era bastante complicada, não era mais grau de investimento, então não tenderia a ter tanto impacto no mercado, mas acabou pesando um pouco na hora", diz o analista da Leme.
 
Para o pregão de amanhã, Brugger entende que, se não tivermos novas notícias negativas vindas do velho continente, o Ibovespa pode ter fôlego para manter a trajetória ascendente de hoje. "Parte da alta está relacionada com essas quedas recentes, o mercado está relativamente barato", pontua o especialista.
 
O sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno, recorda que, além da crise da dívida na Europa, outra questão que vem elevando a aversão dos investidores é a aprovação, pelo Congresso dos Estados Unidos, da elevação do teto da dívida do país. "Acredito que a elevação do teto deve ser aprovada, mas há um risco de não acontecer, já que tem muita gente contra", afirma esse especialista. "Se não ocorrer, pode ter até um rebaixamento do rating dos Estados Unidos, o que seria muito ruim para o mercado", acrescenta.
 
Em seu discurso, Bernanke disse que a não elevação do teto pode prejudicar não somente os Estados Unidos, como a economia mundial. "Não existe consequência pior que o default caso o teto não seja elevado. Um default pode desencadear uma grande crise. [...] Seria uma calamidade financeira", enfatizou o presidente do Fed.
 
Há pouco, a Moody's colocou os ratings dos títulos do Tesouro norte-americano sob revisão, para possível rebaixamento. A medida foi tomada devido à crescente possibilidade de o teto da dívida não ser elevado em tempo  hábil, aumentando o risco de default com as obrigações do Tesouro.
 
No início de junho, a agência havia afirmado que faria uma revisão em meados de julho caso não houvesse progresso significativo nas negociações. O documento divulgado hoje diz que embora para a agência as chances de um default  sejam pequenas, não são mínimas.
 
Um default alteraria a avaliação sobre futuros pagamentos e, por isso, a nota atual não se justificaria. Entretanto, como o prejuízo dos detentores dos títulos do Tesouro não seria tão grande, é provável que a nota seja rebaixada para "AA".
 
Segundo a agência, também podem ter seus ratings rebaixados as instituições diretamente ligadas ao governo norte-americano, como Fannie Mae, Freddie Mac, bancos federais de financiamento e bancos federais de financiamento  rural.
 
Títulos de Israel e Egito, garantidos pelos Estados Unidos, também foram colocados em revisão e podem ser rebaixados, assim como títulos municipais de cidades norte-americanas.
 
"A alta de hoje foi pontual em função da China. A crise da dívida da Europa e o teto dos Estados Unidos devem voltar a ditar o ritmo dos negócios nos próximos dias", fala Zeno. "Não acredito que o mercado deixou isso de lado", emenda.
 
Assim como seu colega da Leme, o sócio da AZ também entende que o rebaixamento da Grécia já era esperado pelo mercado. "Não surpreendeu ninguém. Os países que podem surpreender são Itália, Espanha, de repente a França. Mas acredito que, se ocorrer, vai ser mais no médio prazo", fala o especialista.
 
No âmbito doméstico, contribuiu para os ganhos do Ibovespa a alta de 9,76% registrada pelas ações ordinárias da Brasil Foods (BRFS3), que fecharam o dia cotadas a R$ 28,55. Após a BM&FBOVESPA ter suspendido a negociação dos papéis, por conta da reunião do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão, os ativos voltaram ser negociados a partir das 15h, com a aprovação da operação.
 
Pelo acordo, a marca Batavo terá que suspender a venda, por quatro anos, de produtos derivados de carnes processadas. A BRF será obrigada a alienar cadeias completas de produção em um total equivalente à produção de 730 milhões de toneladas por ano. O montante é equivalente a 80% da produção da Perdigão no período imediatamente anterior à fusão com a Sadia.
 
A ideia, segundo o conselheiro Ricardo Ruiz, é evitar concentração econômica relevante nos mercados atingidos pela operação e possibilitar a entrada de uma terceira empresa no setor que seja forte o suficiente para competir com a BRF.
 
As ações mais negociadas no pregão de hoje na BM&FBOVESPA foram as PNA da Vale (VALE5; 1,44%, a R$ 46,38), com giro de R$ 738,789 milhões; as preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4), com volume negociado de R$ 395,004 milhões; e as da Petrobras (PETR4; 1,16%, a R$ 23,39), que movimentaram R$ 357,338 milhões.
 
A maior alta do Ibovespa foi registrada pelas ações ordinárias da Brasil Foods. Em seguida vieram as ordinárias da JBS (JBSS3; 7%, a R$ 5,35), e as da Cyrela (CYRE3; 6,23%, a R$ 14,66).
 
Já a maior queda do Ibovespa ficou por conta das ordinárias da Natura (NATU3), que caíram 1,34%, a R$ 37,30. Na sequência aparecem as preferenciais da GOL (GOLL4; -1,10%, a R$ 17,95), e as da Transmissão Paulista (TRPL4; -0,76%, a R$ 46,51).
 
 
Mercados internacionais
 
Os principais índices norte-americanos encerraram o pregão em alta. O Dow Jones valorizou 0,36%, aos 12.491,61 pontos, o S&P 500 subiu 0,31%, aos 1.317,72  pontos e o Nasdaq Composto, ganhou 0,53%, aos 2.796,92 pontos.
 
 
Petróleo
 
Os contratos futuros do petróleo operam em alta. Em Nova York, o WTI para agosto subia 2,11%, a US$ 97,43. Em Londres, o Brent para o mesmo mês ganhava 0,56%, a US$ 118,42.
 
 
Câmbio
 
O dólar comercial encerrou o pregão em queda de 0,37%, a R$ 1,572 para compra e R$ 1,574 para venda. Durante o dia, a moeda oscilou entre a mínima de R$ 1,5700 e a máxima de R$ 1,5840.
 
O Banco Central (BC) realizou leilão de compra de dólares, com taxa de corte de R$ 1,5747, e liquidação na próxima sexta-feira, dia 15 de julho. Além disso, a autoridade vendeu 11,450 mil contratos de swap cambial reverso dos 30 mil ofertados na operação realizada entre 14h30 e 14h45, o que corresponde a um financeiro de, aproximadamente, US$ 563,3 milhões.
 
O BC informou hoje que o saldo entre a entrada e a saída de dólares no País está positivo em US$ 1,521 bilhão no mês até o dia 8 de julho, período com seis dias úteis, revertendo a saída líquida de dólares apurada ao final de junho, quando o fluxo foi negativo em US$ 2,556 bilhões. No ano até o dia 8, a entrada de dólares do País supera a saída em US$ 41,355 bilhões.
 
O BC interveio no mercado de câmbio até sexta-feira passada com a compra de US$ 1,585 bilhão no pronto, em intervenções à vista. No período, não houve intervenção do BC com a compra de dólares em operações a termo.
 
As instituições financeiras encerraram junho com posições vendidas em US$ 14,696 bilhões, elevando a posição apurada ao final de maio, vendida em US$ 9,301 bilhões, e ainda não há dado preliminar sobre posição em julho.
 
Na sexta-feira passada, o BC modificou as regras de limites de posições vendidas em dólares para os bancos, limitando a US$ 1 bilhão essas posições, ou o Patrimônio de Referencia 1 das entidades, o que for maior. Além disso, o valor do depósito compulsório não-remunerado sobre o que ultrapassar esse limite foi elevado, de 30% para 60%. A medida tem o objetivo de reduzir a posição vendida dos bancos a um patamar de US$ 10 bilhões, de acordo com o BC, que seria um nível administrável em caso de reversão da cotação do dólar perante o real.
 
 
Juros
 
Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mais líquidos terminaram o pregão de juros futuros de hoje na BM&FBOVESPA em baixa.
 
   Mais negociado do dia, com giro de R$ 35,895 bilhões, o contrato para janeiro de 2012 caiu de 12,48% para 12,47%; assim como o para janeiro do mesmo ano, que também terminou em queda em relação ao fechamento de ontem, de 12,70% para 12,67%, com volume negociado de R$ 19,243 bilhões. Ainda o contrato para janeiro de 2014 encerrou também em queda de 12,64% para 12,62%, com giro de R$ 6,872 bilhões.
 
Na ponta curta da curva, o DI para agosto de 2011 subiu de 12,26% para 12,27% (R$ 370 milhões), enquanto o para outubro caiu de 12,41% para 12,40% (R$  4,461 bilhões).
 
Entre os contratos de vencimento mais distante, o para janeiro de 2015 diminuiu  de 12,56% para 12,55% (R$ 4,451 bilhões), o para janeiro de 2017 também caiu de 12,41% para 12,37% (R$ 1,806 bilhão), e o para janeiro de 2018 passou de 12,33% para 12,32% (R$ 375 milhões).
 
Às 17h45, haviam sido negociados 981.350 contratos, 29,9% a mais que ontem.  O giro era de R$ 83,303 bilhões.
 
 
Agenda de amanhã
 
No Brasil, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulga, às 11h, o Indice de Nível de Emprego da Indústria de São Paulo referente ao mês de junho. Além disso, o Tesouro Nacional realiza Leilão Tradicional de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de Letras Financeiras do Tesouro (LFT).
 
Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho anuncia, às 9h30, o relatório semanal sobre o número de novos pedidos de seguro-desemprego. Analistas estimam 410 mil novos pedidos, após registro de 418 mil na semana anterior. No mesmo horário, o Departamento do Comércio divulga as vendas no varejo de junho. Analistas estimam queda de 0,2% em junho, após baixa de também 0,2% registrada em maio. Ainda às 9h30, o Departamento do Trabalho informa o Indice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) em junho. Analistas estimam queda de 0,2% em junho, após registro de alta de 0,2% em maio. Às 11h, o Departamento do Comércio informa os estoques das empresas em maio. A expectativa é de alta de 0,9%, após aumento de 0,8% em abril. Após o fechamento do mercado, o Google divulga seus resultados financeiros referentes ao segundo trimestre de 2011.
 
Na Eurozona, o Banco Central Europeu divulga, às 5h, o boletim mensal sobre a situação da economia da região. Às 6h, a agência de estatísticas Eurostat divulga o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em junho. Na leitura preliminar, foi apontada inflação anual de 2,7%, mesma variação registrada em maio.

Fonte: Agência Leia

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